Henrique Meirelles: "É como um problema de saúde. A primeira coisa é fazer o diagnóstico correto. A boa notícia é que já começamos a funcionar" (Ueslei Marcelino / Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de agosto de 2016 às 14h32.
Rio - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta quarta-feira, 3, que o País enfrenta a pior recessão desde que o PIB começou a ser medido, em 1901.
Segundo ele, ao assumir o Ministério, a primeira medida tomada foi "declarar a realidade tal como ela é", para que então o governo interino pudesse enfrentar os problemas de ordem fiscal e da atividade econômica no País.
"A realidade objetiva é que o Brasil tem uma dívida bruta pública muito elevada para o nosso nível atual de desenvolvimento. Essa é uma realidade que fizemos questão de declarar, a realidade tal como ela é", disse Meirelles em palestra no seminário organizado pelo Bradesco, no Rio.
"Para se enfrentar um problema é muito importante que o problema seja reconhecido, explicitado e a partir daí possa ser enfrentado. Esse é o ponto fundamental", completou.
Meirelles indicou que o reconhecimento do problema fiscal brasileiro passou pela declaração da "situação real das contas públicas", com o reconhecimento da meta de déficit primário da ordem de R$ 170,5 bilhões.
"É um número de fato muito elevado, mas é real. É realista e o mais importante é que no próximo ano teremos uma previsão e uma meta de 130 bilhões", completou.
Segundo ele, a situação fiscal deriva de uma queda "gradual da receita tributária, da arrecadação em função da crise" na atividade econômica do País e na falta de confiança com a solvência do País.
"É como um problema de saúde. A primeira coisa é fazer o diagnóstico correto. A primeira medida é reconhecer a realidade. A boa notícia é que já começamos a funcionar", afirmou, logo na abertura de sua palestra.
O ministro da Fazenda afirmou que já é possível ver resultados das medidas tomadas pela atual equipe econômica, nomeada pelo governo interino do presidente Michel Temer.
Meirelles citou a melhora em índices de confiança, que começam a mostrar recuperação, embora ainda permaneçam em níveis distantes do pico histórico.
A retomada da confiança pode ajudar a recuperar o crescimento e a arrecadação tributária, acredita o ministro. "Prevê-se certa recuperação da curva de arrecadação tributária", disse Meirelles.
Caso a recuperação da arrecadação não ocorra, a solução seria o aumento de tributos, "que não é ideal", reconheceu o ministro. "O que não vamos ceder é em cumprir a meta", declarou.
Meirelles se disse confiante na aprovação pelo Congresso das reformas encaminhadas à Casa. Segundo ele, os parlamentares terão boas notícias aos eleitores em 2017 e 2018. "Teremos boas notícias para todos os brasileiros", concluiu.