Economia

Otimismo no mundo, cautela no Brasil — o relatório do FMI

O fundo prevê expansão global de 3,5% em 2017, mas alerta para os riscos políticos no caminho

FMI: o fundo reduziu as previsões para os EUA, enquanto aumentou a projeção de crescimento para a China (Kim Kyung-Hoon/Reuters)

FMI: o fundo reduziu as previsões para os EUA, enquanto aumentou a projeção de crescimento para a China (Kim Kyung-Hoon/Reuters)

LT

Letícia Toledo

Publicado em 24 de julho de 2017 às 18h25.

Última atualização em 24 de julho de 2017 às 18h29.

A economia global continua sua recuperação após crise de 2008 e tanto os países emergentes quanto os desenvolvidos, em sua maioria, mostram um crescimento maior do que o previsto no primeiro trimestre. Esta é a conclusão do novo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado nesta segunda-feira, que manteve as projeções de crescimento global em 3,5% em 2017 e de 3,6% em 2018.

Apesar das previsões gerais se manterem inalteradas, o FMI reduziu as previsões para os Estados Unidos, enquanto aumentou a projeção de crescimento para a China. Além disso, o FMI afirma que, enquanto os riscos para a economia no curto prazo estejam equilibrados, ainda há potenciais problemas no médio prazo.

Confira os principais pontos do relatório a seguir.

América Latina e Brasil

Depois de contrair 1% em 2016, a economia na América Latina deve se recuperar gradualmente em 2017 e 2018, na medida em que Argentina e Brasil saírem da recessão.

Como o crescimento do Brasil no primeiro trimestre (de 1%) foi maior do que o projetado pelo FMI, o órgão revisou em 0,1% a previsão de crescimento do país para 2017. A expectativa agora é de uma expansão de 0,3% da economia neste ano.

Apesar dessa alta, para o FMI a fraqueza contínua da demanda doméstica brasileira e o aumento da incerteza política “refletirão em um ritmo de recuperação mais moderado e, portanto, em um menor crescimento projetado em 2018”.

Com isso, a expectativa de crescimento para 2018 foi revisada de de 1,7% para 1,3%. A previsão é bem mais pessimista que a de economistas consultados pelo último Boletim Focus, que preveem um avanço de 2% da economia no próximo ano.

Estados Unidos

O FMI reduziu tanto a projeção de crescimento para este ano quanto para o próximo. Para 2017, o número foi revisado de 2,3% para 2,1% e para 2018 de 2,5% para 2,1%. O principal fator por trás da revisão, especialmente para 2018, é o pressuposto de que a política fiscal americana será menos expansionista do que o anteriormente previsto.

O presidente Donald Trump, vale lembrar, se elegeu com promessas de estimular a economia com redução de impostos e aumento de gastos em infraestrutura, mas, passados seis meses de sua gestão, nenhum plano foi detalhado. Apesar de o relatório do FMI não citar o nome de Trump, ele afirma que “as expectativas do mercado de estímulo fiscal também diminuíram” no país.

China

Após divulgar um surpreendente crescimento de 6,9% no primeiro trimestre, as projeções do FMI para o avanço da economia chinesa também foram revisadas. A previsão de alta do PIB para 2017 passou de 6,6% para 6,7% (mesmo crescimento de 2016) e de 6,2% para 6,4% em 2018. A revisão do PIB para o próximo ano se deu principalmente por conta da expectativa de que o governo chinês adiará seu ajuste fiscal e manterá o alto investimento público para chegar ao objetivo de duplicar seu PIB de 2010 até 2020.

Zona do euro

No Reino Unido, após o fraco PIB do primeiro trimestre (alta de 0,2%), a projeção de crescimento para este ano foi revisada pelo FMI para 1,7%, ante os 2% previstos anteriormente. Para outros países como França, Alemanha, Itália e Espanha, onde o PIB do primeiro trimestre superou as expectativas, as projeções foram revisadas para cima. Com isso, a projeção de crescimento para a zona do euro neste ano passou de 1,7% para 1,9% e a de 2018 de 1,6% para 1,7%.

Riscos

Os riscos para a economia global no curto prazo são “amplamente equilibrados”, segundo o FMI, mas no médio prazo ainda há possíveis problemas. Um dos riscos citado é o prolongamento da incerteza política.

“Apesar de um declínio nos riscos relacionados às eleições, a incerteza política permanece em um nível elevado e poderia aumentar ainda mais, refletindo – por exemplo – em dificuldades de se prever a política regulatória e fiscal dos Estados Unidos, negociações de acordos pós-Brexit ou riscos geopolíticos. Isso pode prejudicar a confiança, impedir o investimento privado e enfraquecer o crescimento”, diz o relatório.

Entre os riscos na parte financeira está a economia chinesa, que pode desacelerar mais fortemente, ou ainda uma aceleração maior do que a prevista na normalização da política monetária nos Estados Unidos. Ou seja, o risco é que os Estados Unidos tirem o pé do freio e decidam subir mais rapidamente a sua taxa de juros, o que poderia desencadear reversões nos fluxos de capital para as economias emergentes, juntamente com a apreciação do dólar.

Acompanhe tudo sobre:Chinaeconomia-brasileiraEstados Unidos (EUA)Exame HojeFMIPIBPIB do Brasil

Mais de Economia

Câmara abre sessão para votar projeto que derruba decreto do governo que elevou IOF

Quanto motoristas de Uber devem economizar por mês com a mudança na mistura da gasolina?