Economia

Os Brics se unem contra guerra comercial de Trump

Eles ressaltaram "a importância de uma economia mundial aberta que permita a todos os países e a todos os povos compartilhar os benefícios da mundialização"

BRICS: texto foi assinado pelo presidente russo, Vladimir Putin; pelo chinês, Xi Jinping; pelo sul-africano, Cyril Ramaphosa, por Michel Temer e pelo primeiro-ministro indiano, Narendra Modi (Mike Hutchings/Reuters)

BRICS: texto foi assinado pelo presidente russo, Vladimir Putin; pelo chinês, Xi Jinping; pelo sul-africano, Cyril Ramaphosa, por Michel Temer e pelo primeiro-ministro indiano, Narendra Modi (Mike Hutchings/Reuters)

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AFP

Publicado em 26 de julho de 2018 às 20h25.

Os líderes dos países emergentes Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) enviaram nesta quinta-feira (26) uma mensagem de unidade para denunciar "os desafios sem precedentes" que representa a guerra comercial aberta pelos Estados Unidos.

"O sistema de comércio multilateral enfrenta desafios sem precedentes", explicaram os líderes reunidos em Johannesburgo.

As "medidas macroeconômicas adotadas por algumas grandes economias avançadas (...) podem causar uma volatilidade econômica e financeira nas economias emergentes e ter um impacto em sua perspectiva de crescimento", explicou o comunicado final.

O texto foi assinado pelo presidente russo, Vladimir Putin; pelo chinês, Xi Jinping; pelo sul-africano, Cyril Ramaphosa, por Michel Temer e pelo primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

Eles ressaltaram "a importância de uma economia mundial aberta que permita a todos os países e a todos os povos compartilhar os benefícios da mundialização".

"Pedimos a todos os membros da Organização Mundial de Comércio (OMC) que respeitem as regras e honrem seus compromissos", acrescentaram.

Xi foi um dos presidentes mais enérgicos, com seu país em aberta disputa comercial com os Estados Unidos do presidente Donald Trump.

"Os conflitos de tipo geopolítico e a escalada do protecionismo e do unilateralismo afetam diretamente o desenvolvimento dos mercados emergentes e dos mercados em desenvolvimento", disse em sua intervenção.

"É necessário que os Brics fortaleçam ainda mais sua associação estratégica", para fazer "da próxima década outra década de ouro", afirmou.

Xi pediu ao fórum integrado por esses cinco países emergentes, lançado em 2009, para que "desbloqueiem o enorme potencial de sua cooperação econômica".

Brics = 42% do PIB mundial

Seu homólogo russo, Putin, o apoiou, acrescentando que os Brics desempenham "um papel único na economia mundial".

"Contribuem com 42% do PIB mundial e este percentual continua crescendo", destacou.

"Em 2017, o comércio entre os Brics teve um aumento de 30% e queremos desenvolver ainda mais essa associação", disse Putin.

Nos últimos meses, presidente americano, Donald Trump, tem tomado medidas hostis, no plano comercial, contra Pequim, Bruxelas e Moscou.

Em especial, impôs tarifas alfandegárias sobre o aço e o alumínio procedentes da China, e agora ameaça taxar ainda mais todas as importações chinesas.

Trump mencionou que seu país está preparado para impor tarifas de até 500 bilhões de dólares sobre as importações de seu rival, queixando-se que o superávit comercial da China na balança comercial com os Estados Unidos é excessivo.

Incompatibilidade com normas da OMC

Os Estados Unidos já aplicam taxas bilionárias sobre as importações chinesas, e agora ameaçam impor novas tarifas sobre o aço e o alumínio de União Europeia (UE), Canadá e México.

"Estamos preocupados pelo aumento das medidas unilaterais, que são incompatíveis com as normas da Organização Mundial de Comércio (OMC), e estamos preocupados por seu impacto", disse o presidente sul-africano na quarta-feira durante a sessão inaugural.

Em uma tentativa para desbloquear a crise, Trump e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, se reuniram na quarta-feira em Washington.

O presidente do país norte-americano prometeu revisar o tema das tarifas americanas sobre o aço e o alumínio europeus.

Trump e Juncker também anunciaram uma série de decisões envolvendo agricultura, indústria e energia, cujo alcance exato ainda não foi confirmado.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, assistiu à cúpula como observador convidado, e se reunirá com Putin à margem do encontro.

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