Economia

Os 3 maiores desafios para atingir o consumidor brasileiro

De acordo com a Euromonitor, não é só questão de crise: para chegar ao consumidor, empresas precisam enfrentar infraestrutura, desigualdade e informalidade

Consumidora em loja de malas em São Paulo: não é fácil atingir as pessoas no Brasil (Paulo Fridman/Bloomberg)

Consumidora em loja de malas em São Paulo: não é fácil atingir as pessoas no Brasil (Paulo Fridman/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 8 de dezembro de 2015 às 15h11.

São Paulo - A crise assusta: as expectativas de crescimento desabaram do começo do ano para cá enquanto disparavam a inflação e o desemprego.

Mas isso não muda o fato de que oportunidades sempre existem em um mercado consumidor com 200 milhões de pessoas.

Recentemente, a Euromonitor identificou algumas cidades médias onde o gasto do consumidor deve crescer mais de 10% em termos reais entre 2014 e 2019.

Mas chegar até eles não é fácil - e de acordo com a consultoria, são três os principais obstáculos. Veja a seguir:

1. Infraestrutura inadequada

O Brasil não está nada bem em competitividade internacional. No ranking da escola suíça de negócios IMD, estamos na 56ª posição entre 61 países, pior resultado desde 1989 e uma perda de 18 posições desde 2010.

No último ranking do Fórum Econômico Mundial, o Brasil caiu 18 posições e ficou no 75º lugar, atrás de países como Ruanda e Vietnã. E um dos culpados continua sendo a fraqueza da nossa infraestrutura.

"A infraestrutura deficiente não apenas mina a competitividade brasileira e previne ganhos de produtividade, mas também atrapalha esforços de distribuição, acentuando a fragmentação de mercado (já um desafio por causa da alta desigualdade de renda) e restringindo o potencial do mercado consumidor", diz o texto da Euromonitor.

Um estudo do núcleo de Real Estate da Escola Politécnica da USP calcula que o Brasil precisa investir 1 trilhão de reais só em infraestrutura de transportes até 2030 para se equiparar ao padrão de países como Rússia e Austrália.

2. Alta desigualdade de renda

Com uma combinação de crescimento econômico e políticas sociais, o Brasil teve melhoras significativas na última década: a pobreza foi de 24,7% da população em 2001 para 8,9% em 2013, enquanto a pobreza extrema caiu de 10% para 4% no período.

Ao contrário do que tem ocorrido nas economias avançadas, a desigualdade de renda também caiu por aqui, ainda que o processo esteja estagnado e possa não ter ocorrido da forma que foi alardeado.

Uma coisa é certa: nossa desigualdade continua obscena de onde quer que se olhe, e isso prejudica a economia e os negócios.

"É um desafio considerável aos negócios focados no consumidor porque concentram o poder de compra em um segmento relativamente pequeno de consumidores no topo da pirâmide em algumas poucas regiões ricas, criando ao mesmo tempo variações vastas nos padrões de gastos, necessidades e desejos dos consumidores de diferentes níveis de renda", diz a Euromonitor.

3. Economia informal

De acordo com uma pesquisa do Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 75% dos brasileiros dizem comprar de ambulantes ou lojas informais e 71% adquirem produtos piratas ou imitações de marcas famosas.

Outro estudo da própria Euromonitor nota que cerca de um quarto do álcool vendido na América Latina é ilegal e que o Brasil responde por 63% deste mercado. Domina o álcool artesanal (55%) ou falsificado (38%), com pouca participação de contrabando (6%).

"A economia informal brasileira vem da dificuldade do ambiente de negócios somada com um alto nível de impostos, corrupção, burocracia, um sistema alfandegário difícil e regulações complexas", diz a consultoria.

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