Economia

Os 10 países mais robotizados do mundo

Japão desponta como a nação com maior mão de obra robótica; desafio do Brasil é investir nos próximos anos em modernização para elevar a competitividade no mercado global

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2012 às 06h48.

São Paulo - Eles foram criados e aperfeiçoados para facilitar nossas vidas, mas com o avanço da tecnologia podem se tornar nossos maiores concorrentes no mercado de trabalho. Será que, no futuro, os robôs poderão roubar o seu emprego? Em algumas economias, estas máquinas já representam uma parcela significativa da "mão de obra".

Para medir o impacto dos robôs sobre o mercado de trabalho e a população de um determinado país, a Federação Internacional de Robótica (IFR, na sigla em inglês) utiliza uma métrica de densidade, calculando a quantidade de máquinas existentes em cada nação comparadas com um grupo de 10 mil pessoas empregadas na indústria em geral.

De acordo com o último levantamento da entidade, o Japão lidera a lista dos países mais robotizados do mundo, com 306 robôs para cada 10 mil trabalhadores em 2010, seguido pela Coreia do Sul e a Alemanha, com densidades de 287 e 253 robôs, respectivamente.

A quantidade de máquinas nos três primeiros países do ranking (vide tabela abaixo) chama a atenção, mas nem todas as geografias avançam no mesmo ritmo. A média entre os 45 países pesquisados pela IFR foi de 51 robôs para cada 10 mil trabalhadores em 2010. Enquanto 20 destas nações ficaram acima desta linha, outras 22 nem sequer chegaram à metade, ficando abaixo da densidade de 20 robôs para cada 10 mil trabalhadores.

Um exemplo é o Brasil, que aparece na 37ª posição no ranking, atrás de países como Tailândia (26ª), África do Sul (28ª), México (32ª), Indonésia (34ª) e Argentina (36ª). Apesar do forte crescimento de 7,5% no Produto Interno Bruto (PIB) registrado no ano retrasado, o Brasil ainda tem densidade inferior a 10 robôs para cada 10 mil trabalhadores, um indício de que a indústria nacional ainda deve se modernizar para elevar a competitividade e a produtividade a nível global.

Segundo a IFR, foram vendidas 118 mil unidades de robôs industriais no mundo todo no ano de 2010, com as vendas totalizando 5,7 bilhões de dólares. A cifra é 47% superior em relação às 60 mil unidades vendidas em 2009 e foi impulsionada pela recuperação da economia global após o pior período da crise financeira nos Estados Unidos.

O montante não inclui gastos com softwares, periféricos e engenharia de sistemas. Adicionando estes custos, o valor de mercado para a indústria de robótica global triplica para 18 bilhões de dólares em 2010. Desde a década de 60, a indústria de robótica já vendeu no total 2,142 milhões de unidades. O número parece pequeno, mas é importante observar que cada robô pode representar uma fábrica em termos de produção. Tudo o que é necessário é energia e um bom software.


No Brasil, 640 robôs industriais foram adquiridos em 2010, de acordo com o estudo. A cifra foi 29% maior que no ano imediatamente anterior e tendência é que este número continue crescendo. Em 2011, a estimativa de crescimento para a indústria robótica mundial é de 18%, com vendas de 139.300 unidades, impulsionadas principalmente pelos BRICs, que devem investir cada vez mais na modernização das suas plantas para ganhar competitividade. Já para o período 2012-2014, a projeção é de uma expansão de 6%, em média, nas vendas a cada ano.

Mais robô, pouco trabalho?

Diante deste cenário, uma questão vem à tona: os humanos estão perdendo seus empregos para os robôs?

“Nos anos 90, a economia brasileira não estava em pleno crescimento, mas as máquinas não paravam de chegar. Isso preocupou quem trabalhava nas montadoras, por exemplo. Os funcionários na época temiam porque se desconheciam quais eram os limites da tecnologia que estava sendo importada, e que funções e empregos seriam prejudicados”, lembra Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

No entanto, de acordo com dados fornecidos pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o que ocorreu foi justamente o contrário. A indústria automotiva, tradicionalmente uma das mais robotizadas em todo o mundo, vem aumentando progressivamente o número de funcionários empregados. Eram 90.697 em 2003, saltando para 144.710 em 2011. A única exceção ocorreu em 2009, quando houve uma queda nos postos de trabalho do segmento devido aos efeitos da crise econômica nos Estados Unidos.

"O investimento em tecnologia e inovação não inibe o emprego, ou seja, a presença do homem, que é de fato aquele que vai conduzir tal desenvolvimento", explica a entidade em nota enviada à reportagem. Entre 2011 e 2015, a indústria automotiva prevê investir 22 bilhões de dólares para modernizar suas plantas no Brasil. O montante representa em média um investimento de 4,4 bilhões de dólares ao ano.

Para Marcello Pia, especialista de desenvolvimento industrial do SENAI, a chegada dos robôs na indústria não representa o fim do emprego, mas sim uma mudança nas funções desempenhadas pelos humanos. “As ocupações de caráter manual são eliminadas, sendo substituídas por máquinas. Por outro lado, as pessoas que desempenham estes trabalhos podem ser capacitadas e qualificadas para agora operarem os robôs”, argumenta.

A defesa das novas máquinas é feita até mesmo pelos representantes dos trabalhadores. Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ele é favorável à modernização da indústria automotiva brasileira e à implantação de novos robôs, mas adverte que todo processo de automação deve ser discutido entre as montadoras e o sindicato antes de ser aplicado.

"Quando ocorre um projeto de automação, verificamos se a vaga do profissional vai ser substituída por uma máquina. Diante disso, negociamos com as montadoras a possibilidade de remanejamento do trabalhador ou sugerimos outra função, com o mesmo salario e/ou mais alto", explica Nobre.

Questionado se um dia as máquinas poderão substituir os trabalhadores na indústria automotiva, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC afirma: “Teremos menos vagas no futuro. Por outro lado, teremos mais gente qualificada. Não estaremos falando de operários, mas sim de engenheiros e técnicos. Teremos um novo perfil de trabalhador nas próximas décadas”, acredita.

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