Economia

OPINIÃO | Quais as reformas inadiáveis para um Brasil mais competitivo?

Com a COP 30 no país, presidência do Brics e novas lideranças no Legislativo, temos também um ano decisivo para acelerar as agendas de competitividade que permeiam áreas-chave da economia do nosso país

 (Germano Lüders/Exame)

(Germano Lüders/Exame)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 24 de abril de 2025 às 06h05.

Última atualização em 24 de abril de 2025 às 11h04.

Tatiana Ribeiro, diretora-executiva do Movimento Brasil Competitivo*

Iniciamos 2025 com a chance renovada para o Brasil destravar seu potencial econômico e enfrentar desafios históricos que ainda sufocam o crescimento do setor produtivo.

Com a COP 30 no país, presidência do Brics e novas lideranças no Legislativo, temos também um ano decisivo para acelerar as agendas de competitividade que permeiam áreas-chave da economia do nosso país. Para isso, precisamos de coragem, foco e ação.

A redução do Custo Brasil é o centro desse progresso. Olhando pelo retrovisor, vemos, é claro, conquistas memoráveis nessa jornada. A reforma tributária, por exemplo, que visa simplificar um dos sistemas mais complexos do mundo, foi sancionada depois de longa discussão, embora ainda demande regulamentações detalhadas. Mas não podemos tirar o pé do acelerador.

Olhar para outras áreas importantes, como infraestrutura, crédito, conectividade, energia e gás natural, é igualmente essencial para aliviar os gargalos que sobrecarregam as empresas e que hoje geram um custo adicional de R$ 1,7 trilhão por ano.

O recém-lançado Observatório do Custo Brasil indica que, só de avançarmos nessas frentes, podemos reduzir até R$ 530 bilhões desse custo, impactando diretamente na vida das pessoas.

Além disso, a adaptação às novas tecnologias também deve ser prioridade, mas com cautela. No caso da inteligência artificial, precisamos, primeiro, superar vieses, visões ultrapassadas e interesses que limitam sua aplicação.

Afinal, quando bem direcionada, a IA pode democratizar a inovação e aumentar a produtividade das empresas e das pessoas, desafio fundamental para o futuro do nosso país. O Brasil necessita, portanto, de uma regulamentação que favoreça a inovação sem restringir seu potencial.

É importante estruturar políticas de capacitação da nossa força de trabalho e letramento digital para garantir que todos tenham acesso ao futuro digital.

Outro desafio central para a competitividade brasileira é a baixa qualificação de nosso capital humano, que representa 8% do Custo Brasil e exerce o maior impacto no PIB.

Para resolver essa questão, é necessário focar no aprimoramento do ensino técnico e profissionalizante, capacitando a força de trabalho para as exigências do mercado atual e futuro.

Melhorar a formação da nossa mão-de-obra significa dar melhores condições às pessoas, proporcionando mais oportunidades e a chance de conquistar um futuro melhor.

Outra frente que não podemos ignorar no crescimento do nosso país é a transição energética. Nesse aspecto, sabemos que temos condições naturais e capacidade tecnológica para nos destacarmos na economia verde e liderar a transição para um modelo de baixo carbono.

Mas para concretizar essa vantagem competitiva, é fundamental avançar na regulamentação de projetos importantes aprovados no último ano como a criação do Mercado de Carbono e o projeto Combustível do Futuro.

São iniciativas que trazem a segurança jurídica necessária para que o Brasil receba importantes investimentos estrangeiros no tema. E o momento não poderia ser mais oportuno, com a COP 30 no Brasil, quando o país estará no centro das atenções globais sobre sustentabilidade.

Por fim, outro pilar da transformação da competitividade é a modernização do setor público. A reforma do Estado, que vai além da agenda de pessoas no setor público, será indispensável para tornar o Estado mais eficiente e capaz de atender às necessidades da sociedade e aos desafios de diferentes setores da economia.

O progresso do país depende de união e agilidade. Países ao redor do mundo estão se tornando mais competitivos e, para que não fiquemos para trás, temos que agir rapidamente.

Caímos da 40ª para a 46ª posição no ranking de competitividade global em 2023, de acordo com o Índice Firjan de Competitividade Global.

Por isso, sociedade, os setores produtivos e o governo precisam trabalhar de forma coordenada para transformar as recomendações estratégicas em ações concretas. Com decisões estruturadas e um esforço conjunto, podemos avançar para uma economia mais dinâmica e sustentável, alcançando um Brasil mais competitivo no cenário global.

*Tatiana Ribeiro mestre em Gestão e Políticas Públicas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e graduada em Comunicação Social, com especializações em Ciência Política, Gestão e Estratégia. Atua no terceiro setor há mais de quinze anos, liderando iniciativas nas áreas de competitividade, inovação, transformação digital e gestão pública.

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