Economia

Operadores de portos do Brasil buscam menores tarifas no Canal do Panamá

Mesmo oferecendo um caminho de 5 dias mais curto, tarifas do Canal não compensam

Navio sendo carregado com grãos de soja no porto de Santos (Arquivo) (Paulo Whitaker/Reuters)

Navio sendo carregado com grãos de soja no porto de Santos (Arquivo) (Paulo Whitaker/Reuters)

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Reuters

Publicado em 2 de abril de 2019 às 17h21.

são Paulo — Os operadores portuários brasileiros, incluindo unidades das tradings globais de grãos Cargill e Bunge, irão revelar nesta semana uma proposta para reduzir as tarifas do Canal do Panamá e cortar seus custos de transporte de commodities agrícolas para a China, seu principal mercado.

Eles argumentarão que, sob as atuais tarifas, embarcar grãos dos portos do Norte do Brasil via Cabo da Boa Esperança é quase 206 mil dólares mais barato, em uma base por navio, do que utilizar o Canal, apesar da distância mais curta.

Em um estudo a ser apresentado em uma conferência na Cidade do Panamá na quinta-feira, 4, a associação de operadores privados de portos ATP irá propor a utilização da capacidade ociosa do antigo Canal do Panamá, em vez das enormes e congestionadas novas eclusas, abertas em 2016 para navios da Panamax.

Isso cortaria os custos de transporte e encurtaria os tempos de viagem em 4 a 5 dias entre o Brasil, maior fornecedor mundial de soja, e os mercados de China e outros países asiáticos, de acordo com a ATP, da qual Cargill, Bunge, a operadora de grãos brasileira Amaggi e a produtora de celulose e papel Suzano são membros.

Os operadores esperam que sua proposta abra caminho para negociações entre Brasil e Panamá para que seja encontrada uma forma de reduzir as tarifas.

"É um bom negócio para os dois lados, pois hoje o Panamá deixa de receber grande parte dos navios de grãos brasileiros com destino à China por conta da inexistência de um acordo tarifário", disse Luciana Guerise, diretora-executiva da ATP, em comunicado enviado à Reuters.

A ATP disse que a proposta deve ser feita pelo Ministério da Agricultura do Brasil ao Ministério de Relações Exteriores do país, que seria responsável por negociar os termos com as autoridades panamenhas.

Nenhum dos ministérios possuía um comentário imediato.

A iniciativa marca um novo passo no desenvolvimento de novas rotas de comércio para o Brasil, maior exportador mundial de produtos agrícolas como soja, açúcar, café, tabaco, suco de laranja, carne bovina e frango.

Um passo inicial nessa direção foi dado em março do ano passado, quando a Aprosoja, associação de produtores de grãos de Mato Grosso, assinou um acordo de cooperação com a Autoridade do Canal do Panamá.

"Acreditamos que podemos capturar parte dos grãos que deixam Mato Grosso e chegam ao Norte do Brasil", disse à época Jorge Quijano, presidente executivo do Canal. "O Canal do Panamá seria uma opção para o produto chegar à Ásia, especialmente à China."

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