Economia

Opep não convence diante do risco de queda da produção de petróleo

Como sinal da desconfiança dos mercados, quando a Opep e seus dez sócios garantiram que sua produção total aumentaria, os preços do petróleo cresceram

Petróleo: 25 países associados da Opep representam mais de 50% da produção mundial (Edgar Su/File Photo/Reuters)

Petróleo: 25 países associados da Opep representam mais de 50% da produção mundial (Edgar Su/File Photo/Reuters)

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AFP

Publicado em 28 de junho de 2018 às 19h45.

Menos de uma semana depois de uma reunião da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), os riscos de perturbação à produção petroleiro crescem no mundo e os analistas temem que o cartel não possa cumprir com a promessa de aumentar suas extrações.

Como sinal da desconfiança dos mercados, quando a Opep e seus dez sócios garantiram que sua produção total aumentaria, os preços do petróleo cresceram claramente desde o começo da semana - cerca de 4% para o Brent do Mar do Norte e mais de 6% para o WTI americano.

Os 25 países associados, que representam mais de 50% da produção mundial, decidiram não revelar ainda suas metas de produção por país, para que os lugares onde o nível vai aumentar compensem as perdas involuntárias de outros membros.

Mas, para vários atores dos mercados, os países que podem realmente aumentar suas extrações antes do fim do ano, não influenciam muito para reequilibrar as eventuais perturbações à produção.

Barris líbios em falta

"Apenas Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Iraque e Rússia têm a capacidade de aumentar de forma significativa a produção, o que provavelmente será compensado pelas quedas de produção da Venezuela e outros membros da Opep", afirmaram analistas do Morgan Stanley, que apostam na estabilização dos preços.

Mais pessimistas, os analistas do BNP Paribas consideram que "apesar da decisão da Opep e de seus associados de contar o número de barris que provavelmente serão perdidos na Líbias, assim como no Irã com as sanções americanas, os preços subirão nos próximos seis meses".

Importante fonte de receita da Líbia, a região produtora do nordeste experimenta conflitos armados entre o governo de união nacional reconhecido pela comunidade internacional e as autoridades paralelas do leste - o que bloqueia parte das exportações do país.

"É preciso começar a aceitar que os 400 mil barris diários de petróleo líbio que desapareceram do mercado em meados de junho não reaparecerão tão cedo", destaca Bjarne Schieldrop, analista da SEB.

Irã espinhoso

Mas o Irã, terceiro maior produtor da Opep e rival político da Arábia Saudita, é um problema particularmente espinhoso para a organização.

"Os sauditas buscarão limitar a alta dos preços a curto prazo, não apenas para contentar Trump, mas também porque pensavam que o mercado teria que usar petróleo iraniano, o que nunca admitirão publicamente", indicam analistas da Energy Aspects.

Nesta terça, menos de quatro dias após seus aliados sauditas afirmarem que a gigante petroleira nacional Saudi Aramco recomeçaria sua produção em julho, os Estados Unidos resfriaram o mercado petroleiro ameaçando sancionar qualquer país que receber petróleo iraniano a partir de novembro.

"As capacidades sauditas não são ilimitadas e as perdas da oferta iraniana serão sentidas no quarto trimestre no mais tardar, exceto se as produções líbias ou nigerianas forem afetadas até essas datas", alertaram analistas da Energy Aspects.

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