Economia

Opep gera instabilidade e incerteza nos mercados

Ministros da Opep decidiram manter seu teto de produção em 30 milhões de barris diários durante os próximos seis meses

Vista geral de uma refinaria petrolífera na Arábia Saudita: ministros da Opep decidiram manter seu teto de produção em 30 milhões de barris diários durante os próximos seis meses (Bilal Qabalan/AFP)

Vista geral de uma refinaria petrolífera na Arábia Saudita: ministros da Opep decidiram manter seu teto de produção em 30 milhões de barris diários durante os próximos seis meses (Bilal Qabalan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2014 às 16h17.

Paris - A decisão da Opep de manter inalterado seu teto de produção, apesar da queda dos preços do petróleo, gerou instabilidade e incerteza sobre suas consequências em especial para a Venezuela.

Reunidos na quinta-feira em Viena, os ministros da Opep decidiram manter seu teto de produção em 30 milhões de barris diários durante os próximos seis meses, sem que haja redução da oferta para sustentar os preços, que recuaram 35% desde junho.

Diante da queda, alguns países do cartel -entre eles Venezuela- pediram em vão uma redução da produção para voltar a fazer com que os preços subam.

No entanto, as petromonarquias do Golfo - com a liderança de Arábia Saudita e Kuwait-, que têm grandes reservas em divisas, se recusaram a cortar a produção. Eles parecem ter um objetivo claro: suportar os preços baixos o tempo necessário para competir com o emergente petróleo de xisto, largamente produzido nos Estados Unidos.

"Os produtores de petróleo de xisto terão de enfrentar cada vez mais desafios com um barril abaixo dos 70 dólares", consideram os analistas do Commerzbank.

Venezuela, a "verdadeira vítima"

Depois dessa decisão da Opep, a "verdadeira vítima, hoje, é a Venezuela", opina Christopher Dembik, economista do Saxo Bank em Paris.

A Venezuela, que conta com as maiores reservas petrolíferas do mundo, obtém do petróleo cerca de 96% de suas receitas, e a queda nos preços ocorre em um momento em que o país se vê golpeado pela inflação superior a 60%, escassez de alimentos e uma grave carência de divisas.

Muitos analistas levantam a possibilidade de o país se ver obrigado a suspender seus pagamentos, mas o ministro venezuelano das Relações Exteriores, Rafael Ramírez, garantiu que o orçamento nacional será elaborado com um barril a 60 dólares e que por isso Caracas pode enfrentar a situação.

"Não conseguimos agora (reduzir a produção), mas conseguiremos e continuaremos tentando até que os preços cheguem onde deveriam estar, em aproximadamente 100 dólares o barril", disse o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

A decisão de manter seu teto de produção permite que a Opep mantenha sua cota de mercado disputada por países de fora do cartel, como Rússia e Estados Unidos.

"Hoje há muitos concorrentes, e a Opep produz apenas 30% da produção mundial de petróleo bruto", declarou o ministro kuwaitiano, Ali Omair. "Era inevitável decidir por não cortar a produção, já que uma redução pode ser compensada por outros produtores de fora da Opep", explicou.

Cai o petróleo, sobe o poder aquisitivo

Os analistas da CM-CIC Securities consideram que "a queda dos preços será mantida nos próximos meses, o que terá consequências importantes para a economia mundial".

"A queda dos preços do petróleo é uma notícia muito boa para as economias ocidentais. Isso gera potencialmente mais poder aquisitivo que qualquer medida tomada por um governo", diz à AFP Régis Bégué, diretor da Lazard Frères Gestion.

Mas os mercados financeiros e os grupos petrolíferos sofreram duras consequências pela decisão da Opep. Já as ações das companhias aéreas -que tem no combustível o seu maior gasto- cambio, los títulos de las compañías aéreas- dispararam. Em Hong Kong, os papéis da China East Airlines subiram 6,98%, a Japan Airlines, 5,28% na Bolsa de Tóquio e a australiana Qantas mais de 5% em Sidney.

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