Economia

Opep diz que manterá oferta atual e que não estabelece preço

O secretário-geral da Opep assinalou que quem deve reduzir sua oferta são os grandes produtores de petróleo não membros desta organização


	Petróleo: analistas consideraram que barril de petróleo a US$ 45 "é um fenômeno temporário"
 (AFP)

Petróleo: analistas consideraram que barril de petróleo a US$ 45 "é um fenômeno temporário" (AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2015 às 15h28.

Davos (Suíça) - A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) afirmou nesta quarta-feira no Fórum Econômico Mundial de Davos que manterá a produção de petróleo e disse que procura um valor intermediário, mas que não estabelece preços.

Em um debate sobre energia na cidade suíça de Davos, o secretário-geral da Opep, Abdalla Salem El Badri, explicou que se a organização reduzir a produção de petróleo agora o terá que fazer de novo depois e, por isso, decidiu mantê-la.

"O preço do petróleo caiu muito depressa e não sabíamos quanto cairia. Se reduzíssemos a produção em janeiro, teríamos que fazer também depois em março e junho. Por isso, decidimos mantê-la e ver como o mercado reagiria", indicou Badri.

O secretário-geral da Opep assinalou que quem deve reduzir sua oferta são os grandes produtores de petróleo não membros desta organização.

Ainda segundo Badri, a decisão de manter a produção não estava dirigida a nenhum país. A demanda foi menor do que prevista pela organização e a oferta maior.

"Estamos buscando um preço que não seja alto demais, nem baixo demais, mas não estabelecemos preços", ressaltou.

A desaceleração econômica da China, o frágil crescimento da Europa e a recessão no Japão são alguns dos fatores que contribuíram para a queda da demanda mundial de petróleo.

A oferta de petróleo dos países que não pertencem à Opep aumentou em 2014 em mais de dois milhões de barris diários, algo não visto há 30 anos.

No entanto, os analistas consideraram neste debate que um barril de petróleo a US$ 45 "é um fenômeno temporário".

Parece que os Estados Unidos foram um dos grandes beneficiados pela drástica queda do valor do petróleo - diminuíram seus gastos - e um dos grandes perdedores é a Rússia, que perdeu receita.

Por isso, a Rússia quer reorientar suas vendas à Ásia, embora os analistas reunidos em Davos tenham recomendado aos países exportadores diversificar suas economias para torná-las mais resistentes às mudanças nos preços do petróleo.

A presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaité, mostrou-se muito satisfeita com a queda do preço do gás e acusou a Rússia de haver utilizado o mesmo mecanismo como instrumento de pressão política.

"O jogo mudou para sempre para os países que exportavam de forma passiva sem investir em tecnologias. As mudanças no preço do gás são irreversíveis", disse Grybauskaité em Davos.

Ela afirmou considerar necessária a criação de uma União Energética em Europeia, da mesma forma que fez o presidente da Iberdrola, Ignacio Sánchez Galán, em outro debate do Fórum Econômico Mundial.

As ameaças geopolíticas - como a crise entre Ucrânia e Rússia - e a grande dependência da Europa de um abastecedor monopolista (em alusão a Gazprom) tornam necessária a criação dessa União Energética Europeia, apontou Grybauskaité.

O baixo preço do petróleo e as baixas taxas de juros são uma oportunidade para investir em um crescimento melhor.

"A queda dos preços do petróleo e as contínuas baixas taxas de juros apresentam uma oportunidade única para o mundo e para os líderes empresariais para estimular o crescimento econômico e enfrentar a perigosa mudança climática", disse a Comissão Global de Economia e Clima durante o Fórum Econômico Mundial.

Esta comissão - liderada pelo antigo presidente do México, Felipe Calderón - opinou que os baixos valores do petróleo facilitam a eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis sem aumentar os preços para as famílias.

Estes subsídios custam para os contribuintes 600 bilhões de euro ao ano.

Tanto o barril de petróleo Brent como o do Texas estão sendo cotados nos mercados futuros atualmente abaixo dos US$ 50.

Ao mesmo tempo, as reduzidas taxas de juros e os baixos custos de capital nos países com economias desenvolvidas geraram o momento ideal para investir em infraestrutura com baixas quantidades de carbono.

Esta comissão, que agrupa 24 líderes de 19 países e inclui antigos chefes de governo e ministros de Finanças, investidores e economistas, acrescentou que a energia renovável, cujos preços baixaram, pode ser muito importante na hora de proteger as economias dessas variações de oferta e da incerteza no longo prazo no preço do petróleo.

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