Petróleo: Opep e seus principais parceiros concordaram no último domingo em reduzir 9,7 milhões de barris por dia em maio e junho (Daniel Acker/Bloomberg)
AFP
Publicado em 16 de abril de 2020 às 10h56.
Última atualização em 16 de abril de 2020 às 19h52.
A Opep antecipa um colapso "histórico" na demanda mundial de petróleo em 2020 devido à paralisia econômica generalizada pela COVID-19, confirmando nesta quinta-feira (16) "um choque histórico, brutal, extremo e planetário" no mercado.
Segundo previsões divulgadas em seu relatório mensal, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) espera que o consumo mundial atinja 92,82 milhões de barris por dia (mbd) este ano, uma queda "sem precedentes" de cerca de 6,85 mbd em comparação com 2019.
A Agência Internacional de Energia (AIE), com sede em Paris, já havia indicado na quarta-feira que previa uma queda "histórica" na demanda de petróleo, evocando um consumo mundial de 90,6 mbd ao longo do ano.
Será o primeiro declínio anual no consumo global de petróleo desde 2009 e a crise financeira.
"A pandemia de COVID-19 está afetando a demanda de petróleo de muitos países e regiões, com um impacto sem precedentes nas necessidades, principalmente em combustíveis para transporte", enquanto as frotas das companhias aéreas permanecem em solo e as medidas a contenção em todo o mundo paralisa o movimento, observa a Opep.
Nesse cenário, a demanda global por petróleo deverá cair 12 milhões de barris por dia no segundo trimestre em relação ao ano passado, antes de uma recuperação modesta - com um declínio esperado de 6 mbd no terceiro trimestre e em torno de 3,5 mbd nos últimos três meses do ano - prevê a organização.
Nesse contexto, o preço do barril mergulhou no abismo: "o mercado do petróleo está sofrendo atualmente um choque histórico que é brutal, extremo e de escala mundial", alerta o cartel, cuja sede é em Viena.
Na tentativa de conter a queda nos preços, a Opep e seus principais parceiros concordaram no último domingo em reduzir 9,7 milhões de barris por dia em maio e junho, enquanto os países do G20 prometeram maior cooperação.
Sob pressão dos preços baixos e do congestionamento nas infraestruturas, todos os países produtores devem ser forçados a reduzir sua oferta: de acordo com as previsões do cartel, os países não membros da Opep reduzirão sua produção em 1,5 mbd em 2020.
O golpe é duro para o já fragilizado setor das refinarias: "A queda no consumo poderia levar mais refinarias a reduzir ou até interromper suas operações, devido à falta de um ambiente econômico favorável, capacidade de armazenamento disponível ou até funcionários disponíveis", aponta o relatório.