Economia

ONU alerta para queda de investimento estrangeiro em países em desenvolvimento

Fluxos de Investimento Estrangeiro Direto "permanecerão moderados" em 2021 e países em desenvolvimento podem ver declínio acentuado nesse pilar de crescimento

Porto de Valparaíso, no Chile (PABLO TOMASELLO/Getty Images)

Porto de Valparaíso, no Chile (PABLO TOMASELLO/Getty Images)

A

AFP

Publicado em 24 de janeiro de 2021 às 16h14.

Os fluxos de Investimento Estrangeiro Direto (IED) "permanecerão moderados" em 2021 e os países em desenvolvimento poderão até mesmo ver um declínio acentuado nesse pilar crucial para seu crescimento, alertou a ONU neste domingo, 24.

Além disso, a recuperação não deve acontecer tão cedo e terá a forma de um "U", explicou James Zhan, diretor da seção de investimentos e negócios da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), em coletiva de imprensa na qual apresentou o relatório anual.

“Os fluxos globais de Investimento Estrangeiro Direto continuarão moderados em 2021”, sublinhou a Unctad, num contexto econômico ainda muito afetado, a nível mundial, pela pandemia da covid-19. A agência da ONU prevê uma nova queda entre 5 e 10% em relação ao ano anterior, que também foi marcado por um "colapso" de 42% em relação a 2019, para 859 bilhões de dólares.

É 30% menor que o nível mínimo durante a crise financeira de 2009 e traz o volume de investimentos aos níveis da década de 1990.

"A verdadeira recuperação começará em 2022", disse Zhan. “Os investidores provavelmente continuarão a ser prudentes na alocação de recursos para ativos produtivos no exterior”, prevê o relatório, também destacando que a queda acentuada em novos projetos em 2020 (-35%) é um indicador de que o IED está em queda neste ano.

Ainda mais desfavorecidos

Nos países em desenvolvimento, esse indicador está no vermelho e suas perspectivas para 2021 são "uma fonte de profunda preocupação", segundo Zhan.

Embora o IED tenha se mantido relativamente bem em 2020, os anúncios de novos projetos criados caíram drasticamente, em 46%, nesses países.

O continente africano foi o mais afetado, com uma redução de 63%, visto que o financiamento internacional de projetos (como os dispositivos financeiros de vários parceiros para grandes projetos de infraestrutura) caiu 40%, enquanto no conjunto dos países em desenvolvimento o retrocesso foi de 7%.

“No entanto, investimentos deste tipo são fundamentais para as capacidades de produção, as infraestruturas de desenvolvimento e, portanto, para as perspectivas de uma recuperação duradoura”, insistiu a Unctad.

Na América Latina e no Caribe, os investimentos em novos projetos foram cortados pela metade e, na Ásia, caíram 38%.

Fusão e aquisição

“O aumento no fluxo de IED provavelmente se deve a fusões e aquisições internacionais do que a novos investimentos em ativos produtivos”, considerou a agência em seu relatório, com base na tendência de transações anunciadas, mas ainda não fechadas.

As fusões-aquisições aumentaram no segundo semestre, principalmente no setor de tecnologia e saúde, que não foram tão afetado pela pandemia, e as empresas em busca de bons negócios devem aproveitar as baixas taxas de juros e a alta das ações.

As empresas europeias devem atrair 60% das transações, mas Índia e Turquia também estão bem posicionadas, com número recorde de "vendas fechadas". Cerca de 80% dos compradores vêm de países ricos, especialmente da Europa, onde a atividade de fusões e aquisições "está crescendo significativamente".

Acompanhe tudo sobre:Desenvolvimento econômicoONU

Mais de Economia

Morre Ibrahim Eris, um dos idealizadores do Plano Collor, aos 80 anos

Febraban: para 72% da população, país está melhor ou igual a 2023

Petróleo lidera pauta de exportação do país no 3º trimestre

Brasil impulsiona corporate venturing para atrair investimentos e fortalecer startups