Economia

Subir imposto do tabaco pode salvar 11 mi de vidas, diz OMS

"Aumentar os impostos do tabaco é a maneira mais efetiva e menos custosa de reduzir o consumo e salvar vidas", disse a diretora-geral da OMS


	Cigarros: anualmente, segundo OMS, 6 mi de pessoas morrem por doenças relacionadas ao tabagismo
 (Jonathan Alcorn/Files/Reuters)

Cigarros: anualmente, segundo OMS, 6 mi de pessoas morrem por doenças relacionadas ao tabagismo (Jonathan Alcorn/Files/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2014 às 09h53.

Genebra - A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que um possível aumento de 50% nos impostos sobre o tabaco poderia salvar a vida de 11 milhões de pessoas, além de reduzir o número de fumantes em 49 milhões.

Por conta do Dia Mundial contra o Tabaco, data que será celebrada amanhã, a organização revelou que entre esses 49 milhões de fumantes, 38 milhões seriam adultos que abandonariam o hábito de fumar, enquanto os 11 milhões restantes seriam jovens que não voltariam a fumar novamente.

"Aumentar os impostos do tabaco é a maneira mais efetiva e menos custosa de reduzir o consumo e salvar vidas", disse a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, que ressaltou que o consumo de tabaco é considerado a principal causa de morte que pode ser evitada.

Anualmente, de acordo com a OMS, 6 milhões de pessoas morrem por doenças relacionadas ao tabagismo, das quais 600 mil seriam fumantes passivos.

Neste ano, o Dia Mundial contra o Tabaco se dedica a conscientizar os governos sobre a importância crucial que os impostos têm sobre o consumo de cigarros e, por consequência, sobre a saúde da população.

De acordo com o organismo, está provado que o aumento dos impostos faz com que alguns fumantes deixem de fumar: alguns jovens evitam começar a consumir; e os que não deixam, em muitos casos, reduzem o consumo.

"O aumento de preços é três vezes mais eficaz entre os jovens que entre os adultos", apontou Douglas Bettcher, diretor do departamento de prevenção das doenças não transmissíveis da OMS. "Quando os impostos do tabaco sobem, as mortes e as doenças descem", completou.

Após deixar de fumar, os benefícios para a saúde dos usuários são quase iminentes: o risco de um ataque de coração se reduz pela metade depois de um ano e, depois de dez, o risco de câncer diminui na mesma proporção.

Segundo um recente estudo do "The New England Journal of Medicine", um aumento de 50% no preço do tabaco poderia reduzir seu consumo em 20%, tanto em países em desenvolvimento como em desenvolvidos.

Por sua parte, a OMS calcula que um aumento de 10% no preço do tabaco poderia representar uma redução no consumo de 4%, nos países desenvolvidos, e de 5%, nos subdesenvolvidos.

Além disso, a OMS ressaltou que, se todos os países aumentassem os impostos sobre o tabaco em um 50% por maço, poderiam obter uma receita extra de US$ 101 bilhões.

Um dos exemplos mais claros é o do Brasil, onde o preço médio dos cigarros aumentou mais que o dobro de 2006 até 2013 e, por outro lado, onde as vendas passaram de 5.6 bilhões de maços para 3,8 bilhões.

Neste mesmo período, o número de fumantes passou de 21,4 milhões para 17,1 milhões, enquanto as receita foram de R$ 3,5 bilhões para R$ 5,1 bilhões.

Diante desta evidência empírica, a OMS advoga que o aumento dos impostos ao tabaco gera mais receita aos governos e, ao mesmo tempo, menos gastos com saúde pública.

A OMS também lembrou que a indústria do tabaco "inventa mitos" para tentar frear o aumento dos impostos porque sabe que tal pratica tem um efeito muito negativo a suas contas.

Neste sentido, os pesquisadores da OMS asseguram que o aumento de impostos não se relaciona com o aumento do contrabando, não diminui a receita, tendo em vista que a queda nas vendas é menor que o obtido pelo aumento do preço, e nem reduz a atividade econômica, já que o gasto prévio em tabaco pode ser investido em outro âmbito da economia.

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