OMC: chefe da organização não responsabilizou o presidente americano Donald Trump pela proliferação de tarifas (Denis Balibouse/Reuters)
AFP
Publicado em 25 de julho de 2018 às 19h40.
As consequências das tarifas alfandegárias aplicadas pelas potências econômicas mundiais não são ainda visíveis, mas causarão efeitos devastadores na economia mundial, advertiu nesta quarta-feira (25) o chefe da Organização Mundial de Comércio (OMC).
O brasileiro Roberto Azevêdo disse temer que "esta dinâmica do olho por olho", em que os grandes atores econômicos se aplicam de maneira recíproca tarifas alfandegárias, possa se tornar "a nova norma".
"A situação exige uma resposta urgente", disse na entrevista coletiva em Genebra.
Essas declarações acontecem após a difusão pela OMC de um relatório que demonstra que as medidas de restrição comercial estão em alta.
"Muitos efeitos negativos deste tipo de medidas que se aplicam hoje não são ainda visíveis, mas serão ", afirmou Azevedo.
"E se continuarmos neste caminho, tenho certeza de que assistiremos uma desaceleração da economia", acrescentou. "Temo por tudo, pelos empregos (...) pelos salários que baixarão", disse.
No relatório que cobre o período entre meados de outubro de 2017 a meados de maio de 2018, a OMC apontou 75 novas barreiras comerciais impostas por alguns de seus 164 membros, uma média de 11 por mês.
Isso significa um aumento em relação ao estudo anterior, de outubro de 2016 a outubro de 2017, que mostrava uma média de 9 restrições por mês.
Azevêdo não responsabilizou o presidente americano Donald Trump, com sua política comercial de "America first" que o levou a impor tarifas sobre mercadorias provenientes de China, União Europeia e Canadá em especial.
A maioria dos parceiros comerciais dos Estados Unidos responderam aplicando tarifas alfandegárias.