Economia

"Oi, sou uma soja": Animação chinesa tem como alvo agricultores dos EUA

Um inusitado desenho animado chinês busca minar o apoio dos produtores de soja americanos a Donald Trump em sua guerra comercial contra a China

Grãos de soja: munição na guerra comercial (foto/Divulgação)

Grãos de soja: munição na guerra comercial (foto/Divulgação)

R

Reuters

Publicado em 20 de julho de 2018 às 11h05.

Última atualização em 20 de julho de 2018 às 11h09.

Pequim — Um meio a uma tensa guerra comercial com os Estados Unidos, o governo da China adotou uma arma improvável: uma soja em desenho animado.

"Oi, pessoal. Eu sou uma soja. Pode não parecer tanto, mas sou muito importante", diz o personagem animado em um vídeo postado nesta sexta-feira no site da China Global Television Network (CGTN), a rede internacional de notícias da estatal China Central Television.

O pequeno vídeo em inglês com legendas em chinês parece destinado a minar o apoio à disputa comercial por parte dos produtores norte-americanos, que figuram como grandes defensores do presidente Donald Trump. O material destaca os impactos negativos que as tarifas poderiam ter sobre as exportações norte-americanas de soja.

Seu lançamento se segue à imposição, em 6 de julho, de tarifas sobre 34 bilhões de dólares em importações chinesas pelos Estados Unidos. Em troca, a China cobrou impostos sobre o mesmo valor de produtos dos EUA, incluindo a soja. Trump também ameaçou mais tarifas de 200 bilhões de dólares em produtos chineses.

O vídeo também evidencia os esforços do Partido Comunista da China para recorrer a atores estrangeiros, cartoons e até rap como meio para passar suas mensagens em formatos mais leves.

A opção pelo narrador incomum ilustra como Pequim vê a soja como uma ferramenta poderosa na batalha com seu principal parceiro comercial. A soja foi a maior exportação agrícola dos Estados Unidos para a China, no valor de 12 bilhões de dólares no ano passado.

O vídeo é em parte educacional, mas destina-se principalmente a transmitir uma mensagem política. Depois de destacar os principais usos da soja, do tofu à ração animal, a oleaginosa do vídeo chinês volta o foco para seu papel central na guerra comercial.

A China pode optar por comprar seus grãos de outros exportadores, como Argentina e Brasil, se os preços se tornarem muito caros, diz a soja no vídeo.

Mas a queda nos preços e o recuo nas vendas prejudicariam os produtores de soja dos EUA, ela alerta, apontando que os preços nos EUA caíram 18 por cento de maio até o início de julho, para o menor nível registrado neste ano.

Nove dos dez maiores Estados produtores de soja votaram em Trump nas eleições presidenciais de 2016, segundo o vídeo. "E então, os eleitores vão apoiar Trump e os republicanos quando sentirem os impactos em seus bolsos?", pergunta a soja na animação.

O desenho não menciona que os preços do farelo de soja na China estão subindo, provocando temores de inflação de alimentos. O produto é um ingrediente crucial para ração animal para produtores de suínos, e o país é o maior consumidor de carne suína do mundo. Veja o vídeo:

(Por Josephine Mason; reportagem adicional de John Ruwitch, em Xangai)

Acompanhe tudo sobre:ChinaDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Guerras comerciaisSoja

Mais de Economia

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados

'Não vamos destruir valor, vamos manter o foco em petróleo e gás', diz presidente da Petrobras

Governo estima R$ 820 milhões de investimentos em energia para áreas isoladas no Norte