Economia

Ohio busca ajuda estatal para para sair de crise

'O emprego na indústria do nosso estado reduziu 20% durante a recessão, uma terrível perda para o segundo estado mais industrializado do país', relata economista

'Se os problemas na mão de obra persistirem, ninguém virá construir uma fábrica aqui', lamenta um cidadão de Ohio de 59 anos (J.D. Pooley/Getty Images/AFP)

'Se os problemas na mão de obra persistirem, ninguém virá construir uma fábrica aqui', lamenta um cidadão de Ohio de 59 anos (J.D. Pooley/Getty Images/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de março de 2012 às 16h21.

Cincinnati - O estado de Ohio, fundamental nas primárias da Super Terça, ainda enfrenta a grave crise industrial que afetou o meio oeste dos Estados Unidos e que, nos últimos meses, teve seus efeitos reduzidos graças à ajuda estatal.

'O emprego na indústria do nosso estado reduziu 20% durante a recessão, uma terrível perda para o segundo estado mais industrializado do país, mas a recuperação também inclui incentivos a este setor', relata Jason Seligman, especialista em Economia da Universidade de Ohio.

Quando uma pessoa aterrissa no Aeroporto Internacional de Cincinnati, a área mais povoada do estado de Ohio e um de seus motores econômicos, encontra uma infraestrutura moderna, de 32 mil metros quadrados e grandes corredores, mas com portas de embarque, bares e lojas vazios.

É uma lembrança do que um dia foi esse terminal que a poderosa companhia aérea Delta estabeleceu em Cincinnati e que foi diminuindo na última meia década até ficar com menos da metade das operações e ter cerca de 6 mil empregos diretos cortados, apontam fontes locais.

'Foi extraordinariamente rentável e funcionou maravilhosamente bem durante dez anos', declararam na ocasião os diretores da companhia, que acrescentaram que 'o retrocesso começou em 2001'.

A debilitada economia da região foi um dos estopins da retirada e é anterior à crise econômica mundial, pois remonta a 2001.

De Columbus, a capital do estado, o professor Seligman ressalta que 'Ohio não cresceu significativamente na última década' e aponta o desemprego como maior problema, que entre 2007 e 2011, por exemplo, cresceu de 7% para 11%, superior à média do país.

As regiões mais afetadas foram as que possuíam mais indústrias pesadas e automobilísticas, como Toledo e Cleveland, cidades do norte do estado, e também as localidades banhadas pelo rio Ohio, a fronteira sul do estado.


Por enquanto, a esperança da recuperação está no setor educacional e da saúde, mas especialmente em um dos detonadores da queda da economia, a indústria, que injetou dinheiro neste território nos anos 1960 e povoou de rápidas caminhonetes as avenidas de suas cidades.

Na área de Toledo, onde a indústria automobilística é essencial, foram criados em 2011 aproximadamente 1,8 mil empregos e durante este ano são esperados outros mil, segundo as autoridades locais, especialmente devido aos compromissos da General Motors, Honda e Chrysler, que receberam milionárias injeções de dinheiro federal.

A ajuda estatal explica os avanços dos últimos meses, mas enquanto os democratas insistem no resgate feito pela administração Obama, os republicanos destacam os programas do estado, que desde 2011 é governado pelos republicanos.

A falta de mão de obra qualificada se transformou em um problema estrutural para o meio oeste americano: em vez de trabalhadores demitidos, agora precisa de técnicos para fábricas automatizadas, engenheiros e soldadores com formação.

'Temos subvenções de até US$ 8 mil por empresário, o que cobre os custos de formar novos funcionários', detalha Benjamin Johnson, subdiretor do Departamento de Trabalho e Família do Ohio, que destaca as 38 mil contratações registradas no estado em 2011.

Trabalho e Família compartilham um mesmo departamento, algo que é defendido pelas entidades sociais das áreas mais afetadas: 'Temos uma epidemia de dependência ao ópio que está relacionada com a situação econômica', lamenta Edgar Hughes, que dirige um centro de atendimento social no condado de Scioto, na fronteira com Kentucky.

Segundo ele, na região as doenças e o vício são superiores à média nacional e, embora muitos jovens vejam nas Forças Armadas seu único futuro, a maioria não entra porque sua dependência em maconha é detectada nos exames de acesso.

'Devemos solucionar o problema do abandono escolar e da dependência. Se os problemas na mão de obra persistirem, ninguém virá construir uma fábrica aqui', lamenta o cidadão de Ohio de 59 anos, que tem poucas esperanças nas promessas anunciadas para as eleições primárias. 

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