Economia

OCDE diz que surto está afundando economia global e reduz projeção de PIB

Economia global deve crescer apenas 2,4% este ano, o nível mais baixo desde 2009 e ante expectativa de 2,9% em novembro, disse a OCDE

Transporte público vazio em Pequim, China, em razão da epidemia do novo coronavírus (Aly Song/File Photo/Reuters)

Transporte público vazio em Pequim, China, em razão da epidemia do novo coronavírus (Aly Song/File Photo/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 2 de março de 2020 às 08h11.

Última atualização em 2 de março de 2020 às 12h28.

Paris — O surto de coronavírus está afundando a economia mundial em sua pior recessão desde a crise financeira global, alertou nesta segunda-feira a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), pedindo a governos e bancos centrais que lutem para evitar uma queda ainda mais profunda.

Na manhã desta segunda-feira (02), a organização reduziu sua previsão para o crescimento global em 2020 em 0,5 ponto porcentual, de 2 9% para 2,4%, de olho nos impactos econômicos do coronavírus. Este é o nível mais baixo desde 2009.

Para a entidade, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial pode ser até mesmo negativo no primeiro trimestre deste ano e cair para 1 5% em 2020, caso a epidemia se agrave. "Os governos precisam agir com rapidez e força para superar o coronavírus e seu impacto econômico", defende a OCDE.

Para 2021, porém, a projeção de crescimento global foi elevada de 3,0% para 3,3%.

"As contrações na produção na China (epicentro da epidemia) estão sendo sentidas em todo o mundo, refletindo o papel fundamental e crescente do país asiático nos mercados globais de cadeias de suprimentos, viagens e commodities", argumenta a instituição, que também cortou sua previsão de crescimento da China em 2020 de 5,7% para 4,9%.

Para os Estados Unidos, a OCDE vê um impacto mais limitado, ainda que tenha reduzido suas projeções de crescimento do PIB de 2,0% para 1,9%¨em 2020.

A OCDE destacou ainda que a economia global tornou-se mais conectada com a China em relação a 2003, quando o surto de SARS também impactou os mercados. "A China desempenha um papel muito maior nos mercados globais de produção, comércio, turismo e commodities. Isso amplia as repercussões econômicas para outros países", diz a entidade, que projeta um grande impacto negativo sobre Japão, Coreia do Sul e Austrália.

Entre as medidas para a contenção dos impactos econômicos do coronavírus, a OCDE destaca a necessidade de se apoiar as economias de baixa renda e aumentar os estímulos fiscais, além de relaxamentos monetários em países com espaço para tal. Entre eles, a entidade destaca o Brasil.

Impactos no Brasil

A OCDE falou também que o Brasil tem espaço para relaxar ainda mais sua política monetária, como forma de conter os impactos econômicos do surto de coronavírus. A entidade, contudo, por mais que preveja impactos negativos da epidemia sobre países exportadores de commodities, manteve sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 1,7% em 2020.

"Os ventos contrários adicionais e a incerteza relacionados ao surto de coronavírus tornam essencial que as políticas monetárias continuem favoráveis em todas as economias", afirma a entidade. "Estímulos monetários ajudarão a economia a restaurar a confiança, embora o impacto de recentes e esperadas mudanças nas taxas de juros de países desenvolvidos deve ser modesta."

Em meio ao cenário desfavorável, a OCDE também defende a necessidade de uma política fiscal rígida em países emergentes, citando Brasil e Índia, mas destaca que programas de assistência a grupos sociais de baixa rendas devem ser garantidos e apoiados por investimentos.

O Banco Central reduziu a taxa básica de juros do País para 4 25% ao ano em 5 de fevereiro e, no comunicado da decisão, indicou a interrupção do fim do ciclo de relaxamento monetário. Ainda assim, a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) informou que os membros do grupo discutiram os efeitos do coronavírus sobre a economia global.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, inclusive, incluiu o coronavírus entre os riscos observados pelo BC, ao lado da desaceleração global e das eleições americanas, em recente apresentação a investidores.

Vale lembrar que o Brasil ainda não é um membro da OCDE, embora o processo para a adesão já tenha se iniciado.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) em janeiro que prevê a entrada do País no "clube dos países ricos" em dois anos.

Acompanhe tudo sobre:ChinaCoronavírusCrise econômicaOCDE

Mais de Economia

Alesp aprova aumento do salário mínimo paulista para R$ 1804; veja quem tem direito

PF faz busca e apreensão em investigação contra fraudes no INSS em descontos de aposentadorias

Governo estuda 'janela de oportunidade' para nova emissão de títulos verdes, diz Dario Durigan

Trump diz que Fed deve reduzir os juros como Europa e China já fizeram