Brasil: governo de Jair Bolsonaro já demonstrou interesse em lutar por uma vaga na organização (Paulo Fridman/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de outubro de 2019 às 16h50.
São Paulo — Diante do imbróglio em torno do apoio americano à entrada do Brasil na OCDE, o diretor para a América Latina na Organização, Roberto Martínez-Yllescas, afirmou que o país já é um elemento importante e participa de vários comitês de trabalho, apesar de não ser membro oficial.
"O Brasil já é um key partner da OCDE, participa dos comitês de trabalho. É um país que está perto da OCDE e tem adotado vários dos padrões globais da OCDE", disse durante a 9ª edição da ABES Software Conference.
Em palestra sobre a economia digital global, Martínez-Yllescas disse que o desenvolvimento da área de inteligência artificial abre espaço para que países emergentes façam um "salto qualitativo" em relação à competitividade global.
E citou que o Brasil se destaca em pesquisas nesse sentido dentro da América Latina. Globalmente, Estados Unidos, China e Reino Unidos lideram pesquisas e registro de patentes sobre o assunto.
Apesar do destaque na abertura de startups, o diretor da organização disse que o país precisa fazer mais esforços para inclusão digital da sociedade e ampliar o acesso à banda larga.
Segundo ele, o Brasil falha em acesso global à banda larga. Por outro lado, pondera que há uma penetração "interessante" da banda larga móvel no país, mais próximo da média dos países da OCDE.
Na área de vendas online, os dados, segundo o diretor, são "irônicos". Apesar de os números de vendas online estarem próximas do grupo médio da organização, boa parte delas ocorre no comércio "business to business". "Vemos que não existe tanta gente comprando online", disse.
Martínez-Yllescas destacou que o Brasil tem uma liderança, na América Latina, em número de novas startups, o que gera dados importantes de geração de empregos nessa área.
No entanto, o diretor disse que é importante potencializar esse processo "num futuro próximo", aumentando a capacitação nessa área para quem vai ingressar no mercado de trabalho. Ele afirmou que é preciso "fazer mais esforços" para melhorar a educação pública em matemática, compreensão de leitura e raciocínio científico.
"É importante uma política pública para identificar quais são as demandas das empresas, construir serviços otimizados para troca de informação e de evidências sobre a evolução do mercado de trabalho", disse, completando: "A política tem de evoluir para fornecer às pessoas competências para o mercado de trabalho.
A moeda de câmbio agora não é só informação, mas o conjunto de competências que pessoas têm para responder ao que o mercado de trabalho está procurando".