O secretário geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é visto durante conferência da organização em Paris (Eric Piermont/AFP/AFP)
Agência O Globo
Publicado em 8 de junho de 2022 às 13h38.
Última atualização em 8 de junho de 2022 às 13h53.
A economia global pagará um "preço alto" com a continuidade da guerra na Ucrânia, a inflação elevada e potenciais novas falhas na cadeia de suprimentos. A avaliação é da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE ), que cortou a projeção de crescimento mundial para 3% em 2022, ante 4,5% estimada em dezembro passado.
A instituição — comumente chamada de clube dos ricos, por reunir algumas das maiores economias globais — também dobrou a expectativa de inflação para 9% de seus 38 membros, segundo dados divulgados nesta quarta-feira.
O Brasil não integra a OCDE e, atualmente, disputa uma vaga na organização. Mas a entidade também fez projeções para a economia brasileira nada animadoras: expansão de 0,6% neste ano (estimativa anterior era de 1,4%), e perspectiva de avanço da inflação.
LEIA TAMBÉM: América Latina pode ser solução para crise de abastecimento mundial, aponta BID
"Inflação em alta, guerra na Ucrânia e condições financeiras mais apertadas erodiram a confiança [na economia] e o poder de compra, o que deve afetar a demanda doméstica no primeiro semestre de 2022", diz a OCDE sobre o Brasil.
"As eleições presidenciais adicionam incerteza, contribuindo para que um freio nos investimentos até 2023", complementa a organização, que também ressalta a morosidade da recuperação do mercado de trabalho.
No plano global, a OCDE diz que a guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, agravou a situação econômica, ampliando as vulnerabilidades da cadeia de suprimentos, que já havia sido afetada na pandemia.
"Houve mudanças significativas no ambiente econômico global nos últimos meses, incluindo a disseminação da ômicron e uma persistência acima do esperado das pressões inflacionárias. Mas a única grande mudança [de fato] é o impacto da guerra na Ucrânia sobre a economia", diz a OCDE em relatório.
As recentes restrições à circulação na China, com o aumento de casos da doença no país, também tendem a aprofundar as falhas de fornecimento de peças, alerta a entidade.
Quase todos os países da OCDE tiveram revisão do crescimento econômico para baixo. Entre as principais nações, os EUA tiveram sua previsão rebaixada de 3,73% para 2,46%. O recudo na zona do euro foi de 4,32% para 2,62%.
Para 2023, a OCDE prevê crescimento ainda menor que o estimado para este ano: 2,8%.
O cenário esboçado pela OCDE reforça projeções pessimistas do Banco Mundial divulgadas na terça-feira. O banco revisou para baixo sua previsão de expansão global em 2022 para 2,9%, ante 4,1% estimados em janeiro deste ano.
No ano passado, o PIB mundial avançou 5,7%, com os países reabrindo suas economias, após avanço da vacinação contra a covid.
Além do crescimento menor, o Banco Mundial alerta para o maior risco de estagflação, com a eclosão da guerra. "Agravando os danos da pandemia de covid-19, a invasão russa da Ucrânia ampliou a desaceleração da economia global, que está entrando no que pode se tornar um período prolongado de crescimento fraco e inflação elevada".
LEIA TAMBÉM: Estados e municípios falam em perda de até R$ 115 bilhões com cortes no ICMS