Economia

OCDE: 55% dos trabalhadores da América Latina estão na informalidade

Relatório mostra que só 2,1% dos empregos da região estão em setores de média e alta intensidade tecnológica, contra 7,7% nos países da OCDE

Publicado em 7 de novembro de 2025 às 08h50.

A América Latina e o Caribe enfrentam desafios persistentes de produtividade e inclusão, segundo relatório divulgado nesta sexta-feira, 7, pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

De acordo com a OCDE, 55,1% dos trabalhadores latino-americanos estão na informalidade, o que reduz o espaço fiscal e enfraquece a proteção social.

O documento alerta que a região corre o risco de ficar presa em um ciclo de baixa produtividade e baixo nível de inclusão se não avançar em reformas estruturais.

Entre 2021 e 2022, segundo a organização, apenas 0,5% do PIB da região foi destinado a políticas de desenvolvimento produtivo, bem abaixo da média de 3% dos países da OCDE.

Produtividade estagnada

O principal entrave ao desenvolvimento, segundo a OCDE, é a produtividade persistentemente baixa, que limita o crescimento e impede uma convergência mais rápida com as economias avançadas.

A produtividade do trabalho na região cresceu apenas 0,9% ao ano entre 1991 e 2024, abaixo da média de 1,2% nos países da OCDE, com destaque para o setor de serviços, que apresenta baixo dinamismo e elevada informalidade.

Além disso, apenas 2,1% dos empregos estão concentrados em setores de média ou alta intensidade tecnológica — percentual bem inferior à média de 7,7% nos países da OCDE, o que limita a capacidade de inovação da região.

Energias renováveis e indústrias digitais

A OCDE destaca que a América Latina e o Caribe reúnem amplo potencial em energias renováveis e indústrias digitais — setores capazes de gerar empregos de qualidade, reduzir emissões e fortalecer a resiliência econômica. Esse potencial, porém, ainda esbarra em gargalos de financiamento e na coordenação de políticas públicas que limitam resultados concretos.

O relatório estima que a região enfrente um déficit médio anual de cerca de US$ 99 bilhões até 2030, valor que reflete a lacuna média de financiamento em seis áreas prioritárias dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) vinculadas à produção: proteção social e trabalho decente, transformação da educação, sistemas alimentares, clima e biodiversidade, transição energética e digitalização inclusiva.

A organização aponta ainda que o fortalecimento dos mercados de capitais e a atração de investimento estrangeiro direto de qualidade são essenciais para o crescimento sustentável.

Em 2024, o valor de mercado das bolsas latino-americanas equivalia, em média, a 37,4% do PIB, ante 64,4% na OCDE.

Apesar dessa diferença, o estudo ressalta o avanço de novas formas de financiamento: os títulos verdes, sociais e sustentáveis já somam 27,2% das emissões internacionais, frente a 9,3% em 2020, com volume acumulado de US$ 164,4 bilhões.

O investimento estrangeiro direto também se manteve elevado, em 2,8% do PIB, impulsionado por setores como energia renovável, infraestrutura digital e indústrias de média e alta tecnologia.

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