Economia

Obama faz ofensiva por questão fiscal

Enquanto presidente insiste no plano de cobrar mais impostos dos ricos, impasse no Congresso sobre o chamado abismo fiscal persiste


	Republicanos, de oposição a Obama, querem prorrogar os benefícios tributários adotados há uma década, no governo de George W. Bush
 (Larry Downing/Reuters)

Republicanos, de oposição a Obama, querem prorrogar os benefícios tributários adotados há uma década, no governo de George W. Bush (Larry Downing/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2012 às 08h31.

Washington - O presidente dos EUA, Barack Obama, lançou na terça-feira uma ofensiva de relações públicas para sua proposta de cobrar mais impostos dos norte-americanos ricos, enquanto o Congresso continua num impasse acerca do chamado "abismo fiscal" -- a dramática conjunção de aumentos de impostos e cortes de gastos públicos que podem entrar em vigor no ano que vêm.

Pequenos empresários saíram de uma reunião de uma hora com Obama na Casa Branca manifestando apoio à proposta do presidente de prorrogar os benefícios tributários atuais para a classe média, permitindo que as alíquotas subam para os contribuintes mais ricos.

"O que gera empregos na América são os consumidores gastando dinheiro, e a pessoa média precisa de 2.000 ou 3.000 dólares por ano no bolso para ajudar a motivar a economia", disse Lew Prince, dono de uma loja de discos em Saint Louis (Missouri), ao deixar o encontro.

Os republicanos, de oposição a Obama, querem prorrogar os benefícios tributários adotados há uma década, no governo de George W. Bush, para todos os contribuintes, incluindo famílias que ganham mais de 250 mil dólares por ano. Eles argumentam que o aumento da tributação para os ricos irá desestimular investimentos e contratações.

Os democratas, governistas, não dão sinais de recuar do aumento de impostos para os ricos. Mas ambos os lados abrandaram parte das suas posições: os republicanos mostram disposição em considerar novas formas de arrecadação fiscal, e os democratas recuaram da sua peremptória recusa em cortar gastos nos programas de saúde Medicare e Medicaid.

Se não houver acordo, os benefícios tributários da era Bush irão vencer no final do ano, quando cortes de gastos automáticos também entram em vigor. Analistas dizem que essa conjunção pode causar uma recessão.

Brian Gardner, analista da firma financeira Keefe Bruyette & Woods, disse que um acordo limitado deve ser alcançado para evitar o abismo fiscal, mas que decisões maiores ficarão para 2013.

"As manchetes do abismo fiscal poderiam ter o maior impacto sobre o mercado", disse ele. "Nas próximas semanas, esperamos muitas manchetes que elevem e então esmaguem as esperanças dos investidores... As próximas três semanas devem ser agitadas." Obama, que foi reeleito neste mês, deve se reunir na quarta-feira com executivos de grandes empresas, e na sexta-feira visita uma fábrica de brinquedos da Pensilvânia para defender sua posição a respeito de impostos.

O senador republicano Mitch McConnell criticou a ofensiva midiática de Obama. "Ao invés de se sentar com parlamentares de ambos os partidos e trabalhar um acordo, ele volta à trilha da campanha", bradou ele no plenário. "Já sabemos que o presidente é muito bom de campanha. O que não sabemos é se ele tem as qualidades de liderança necessárias para levar seu partido a um acordo bipartidário." A última reunião de Obama com líderes parlamentares foi em 16 de novembro. Assessores parlamentares dizem que um novo encontro deve ocorrer na semana que vem.

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