Economia

Obama amplia sanções e ameaça a economia russa

O Departamento do Tesouro indicou que vinte parlamentares e altos funcionários de Moscou foram incluídos na lista de sancionados

Barack Obama: "A Rússia deve saber que uma escalada maior só a isolará mais da comunidade internacional" (AFP)

Barack Obama: "A Rússia deve saber que uma escalada maior só a isolará mais da comunidade internacional" (AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de março de 2014 às 18h43.

O presidente americano, Barack Obama, aumentou nesta quinta-feira a pressão sobre Moscou, ameaçando setores estratégicos da economia russa em represália à anexação da Crimeia e anunciando sanções contra mais 20 autoridades e um banco.

"A Rússia deve saber que uma escalada maior só a isolará mais da comunidade internacional", declarou Obama em um pronunciamento na Casa Branca.

O Departamento do Tesouro indicou que vinte parlamentares e altos funcionários de Moscou foram incluídos na lista de sancionados, que terão seus bens nos Estados Unidos congelados e serão proibidos de negociar com empresas deste país.

A reação da Rússia não tardou. Moscou divulgou sua própria lista de sanções contra três assessores de Obama e vários parlamentares americanos, entre eles John McCain.

Na segunda, o governo americano anunciou sanções seletivas contra 11 autoridades russas e ucranianas, sete delas com vínculos com o presidente Vladimir Putin.

Entre os nomes adicionados à lista nesta quinta-feira estão o chefe de gabinete do presidente russo, Serguei Ivanov, e seu auxiliar, Alexei Gromov.

Também entraram na mira os irmãos milionários Arkadi e Boris Rotenberg, amigos pessoais de Putin, que se beneficiaram, segundo o Tesouro americano, de grandes contratos de infraestrutura para os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em fevereiro.

O banco punido pelos Estados Unidos é o Aktsionerny da Federação da Rússia, conhecido como "Bank Rossiya", que, segundo o governo americano, mantêm bens do círculo íntimo de Putin.

Seu diretor, Yuri Kovaltchuk, também foi incluído na lista.


"Impacto significativo" na economia

Obama ressaltou que, além das autoridades políticas, as sanções atingem pessoas "com grandes recursos e influência" que sustentam o governo russo, assim como um banco que "apoia economicamente essas pessoas".

"Estamos dando estes passos como parte da resposta ao que a Rússia tem feito na Crimeia", declarou o presidente Obama, que alertou para a possível adoção de novas medidas com maiores consequências, caso Moscou não mude de atitude.

"Hoje assinei um novo decreto que nos autoriza a impor sanções não só contra indivíduos, mas a setores estratégicos da economia russa", indicou Obama.

"Este não é o resultado que gostaríamos", declarou, advertindo que as medidas terão um "impacto significativo" na economia russa.

O subsecretário do Tesouro, David Cohen, afirmou que a economia russa já começa a sofrer as consequências da intervenção na Ucrânia.

"Com sua moeda próxima de uma queda histórica, seu mercado de capitais em baixa de 20% este ano e um aumento considerável das taxas, a Rússia já começa a enfrentar os custos econômicos de seu esforço ilegal de minar a segurança, a estabilidade e a soberania da Ucrânia", afirmou.

E a agência de avaliação Standard & Poor's reagiu ao anúncio rebaixando nesta quinta para "negativa" a perspectiva da nota da dívida da Rússia, em razão dos riscos ligados às sanções ocidentais contra Moscou após a anexação da Crimeia.

"O aumento dos riscos geopolíticos e a perspectiva de sanções econômicas (...) podem reduzir os fluxos de investimentos e aumentar a fuga de capitais, enfraquecendo assim o desempenho econômico da Rússia, já em deterioração", explicou a agência em um comunicado.

Moscou, que tem uma dívida pública relativamente baixa, é classificado como "BBB" pela S&P, considerado o nível mais baixo da categoria grau de investimento pelo mercado.


Diplomacia continua

Contudo, Barack Obama insistiu que a "diplomacia entre os Estados Unidos e a Rússia continua", ressaltando que Moscou ainda pode resolver a crise por meio de uma "solução diplomática" com o governo de Kiev.

Sem compartilhar essa ideia, a Rússia insistia nesta quinta-feira em seguir a estratégia traçada após a destituição do presidente ucraniano Viktor Yanukovytch, em fevereiro.

A Duma (câmara baixa do Parlamento russo) ratificou nesta manhã o tratado sobre a integração da Crimeia à Rússia, assinado na terça-feira pelo presidente Vladimir Putin com os líderes pró-russos desta península, que tem o tamanho da Bélgica e uma população de dois milhões de habitantes.

Os habitantes da Crimeia, em sua maioria favoráveis a Moscou, votaram no domingo em um referendo a favor da anexação do território.

Como resultado, a primeira expansão das fronteiras russas desde a Segunda Guerra Mundial provocou uma onda de tensão nos países bálticos e em outras ex-repúblicas soviéticas.

Obama, que viajará na próxima semana à Europa para discutir a crise ucraniana, reafirmou o apoio dos Estados Unidos a seus aliados na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

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