Economia

O que Pedro Passos disse que irritou o governo

Presidente do Iedi e sócio da Natura criticou duramente a falta de clareza da política econômica do governo Dilma. Para ministro, críticas são "eleitoreiras"


	Pedro Passos, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial)
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Pedro Passos, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) (Germano Lüders/EXAME.com)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 10 de fevereiro de 2014 às 18h19.

São Paulo - Presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e fundador e sócio da Natura, Pedro Passos não poupa críticas ao governo.

"O ambiente econômico está muito prejudicado no país. A taxa de investimento é muito baixa, o clima de confiança não existe, acabou. Falta direção", disse ele em entrevista publicada neste domingo pelo jornal O Estado de São Paulo.

Para Passos, "as decisões e as metas de política econômica não são claras" e "é preciso reconhecer que o modelo se esgotou e que precisamos lançar outro".

Ele criticou os incentivos pontuais para a indústria automobilística e da linha branca e cobrou mais definição das políticas fiscais e de combate à inflação, além de um aprofundamento maior das concessões.

A necessidade de maior abertura comercial para favorecer a indústria e estimular a produtividade foi um dos temas mais abordados pela entrevista.

Para Passos, o país é refém do Mercosul e falta clareza e agressividade na estratégia brasileira em relação ao comércio internacional.

"Não defendemos uma abertura irresponsável, mas um compromisso ao longo do tempo (...). Não podemos ser ingênuos de entregar setores inteiros sem saber negociar. O Brasil pode ser um país mais integrado, mas é preciso ter um plano, dar uma direção", diz.

Resposta

A resposta ficou a cargo do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, que deixa o cargo esta semana para concorrer ao governo de Minas Gerais. 

Em declaração ao Estadão, ele não respondeu a nenhuma crítica em específico: "Não é o caso de respondê-las, porque elas não foram feitas no âmbito do debate. Ele não quer contribuir com o debate econômico."

De acordo com Pimentel, a razão para as declarações é eleitoral: "A agressividade dele não me surpreende. A Natura hoje tem uma posição partidária, de apoio a uma candidatura de oposição ao governo."

Guilherme Leal, outro dos fundadores da Natura, foi candidato à vice-presidência nas eleições de 2010 na chapa de Marina Silva.

Depois de deixar o PV, Marina fez uma tentativa frustrada de fundar um novo partido, a Rede. Ela deve voltar a ser candidata nas eleições deste ano, agora como vice de Eduardo Campos (PSB).  

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