Economia

O que muda com Ilan no Banco Central?

O presidente indicado para o Banco Central, Ilan Goldfajn, trouxe uma diferença de ênfase em discurso durante sabatina hoje no Senado


	Ilan Goldfajn: pode significar um BC mais exigente sobre as condições para um eventual alívio monetário
 (Eduardo Monteiro/EXAME)

Ilan Goldfajn: pode significar um BC mais exigente sobre as condições para um eventual alívio monetário (Eduardo Monteiro/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 7 de junho de 2016 às 20h16.

O presidente indicado para o Banco Central, Ilan Goldfajn, trouxe uma diferença de ênfase em discurso durante sabatina hoje no Senado, ao especificar o compromisso não apenas com a inflação na meta, que vai de 2,5% a 6,5%, mas sim com o centro da meta, que é de 4,5%.

Isso não necessariamente impede um corte de juros. Mas pode significar um BC mais exigente sobre as condições para um eventual alívio monetário.

“Nosso objetivo será cumprir plenamente a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, mirando o seu ponto central”, disse Ilan aos senadores.

Esse comentário mostra um reforço no compromisso do novo presidente do BC com o combate à inflação, segundo o economista José Márcio Camargo, sócio da Opus Gestão de Recursos e professor da PUC-Rio, universidade em que Ilan fez mestrado.

Embora pareça sutil, a questão sobre o centro da meta foi o xis da questão sobre o debate em torno da política monetária desde 2010, quando Alexandre Tombini passou a comandar o BC no governo de Dilma Rousseff.

Na visão de muitos economistas do mercado, Tombini mirava a parte superior da margem de tolerância da meta, que vai até 6,5%, e não o centro da meta em si.

O último ano em que o IPCA ficou abaixo do centro da meta foi 2009, quando o BC era ainda comandado pelo antecessor de Tombini, Henrique Meirelles, hoje ministro da Fazenda e responsável pela indicação de Ilan.

Como um dos criadores do regime de metas, Ilan pode restabelecer uma abordagem mais rigorosa. “O Ilan vai perseguir os 4,5%. Com o Tombini, a inflação esteve sempre acima do centro da meta”, diz Camargo. O professor reconhece que não há espaço para trazer a inflação para a meta este ano, mas considera que o BC será mais duro na busca do objetivo em 2017. Por isso, acha difícil um corte de juros no curto prazo.

Segundo dados do mercado de juros futuros compilados pela Bloomberg, o BC deve iniciar o corte da Selic em julho. Camargo projeta corte para setembro, e isso se for revertida a atual pressão inflacionária, exemplificada pelo IGP-DI acima de 1% de maio, divulgado hoje.

“O BC só vai cortar a Selic quando ele achar que o corte é compatível com uma inflação de 4,5% no próximo ano”, disse o economista da Opus. A ideia muito difundida no Brasil, de que é preciso baixar juros, mesmo em face de uma inflação pressionada, para estimular o crescimento, não deve sensibilizar o novo presidente do BC, segundo Camargo.

Hoje no Senado, Ilan citou a “história recente” do Brasil, de inflação alta combinada com recessão, como experiência a ser evitada.

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