Governo projetava inicialmente um PIB de 4,5% para o ano, mas o Ministro da Fazenda já reconheceu que se a situação na Europa se mantiver como está, será difícil chegar lá (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 1 de junho de 2012 às 09h38.
São Paulo – A economia brasileira cresceu 0,2% no primeiro trimestre de 2012 em relação ao último de 2011, segundo dados do IBGE. Fatores como o efeito das medidas de incentivo à indústria do governo e a situação da Grécia devem influenciar o desempenho econômico do país nos próximos trimestres. Mas o que é possível esperar deles?
Para Samy Dana, professor da Escola de Economia da FGV-SP, esse primeiro dado sobre o crescimento da economia brasileira em 2012 ainda não diz muito sobre o ano. Além da sazonalidade, as medidas do governo brasileiro em relação a desoneração de tributos, redução da Selic e redução do spread devem ter impacto apenas no segundo semestre, segundo Dana. “Teremos que aguardar o próximo resultado para uma análise mais ponderada”, afirmou o professor. Para Dana, a recente alta do dólar deve contribuir para o aumento das exportações e o aquecimento da indústria.
Manuel Henrique Garcia, professor de economia da FEA-USP, lembra que normalmente os três primeiros meses do ano são bem mais fracos, já que a produção industrial começa a aumentar em agosto e cai em dezembro.
Para Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, apesar de todas as variáveis, vale a pena olhar para alguns componentes do PIB, como consumo e investimentos, para entender o que ainda pode acontecer na economia brasileira este ano. No consumo, o economista vê uma discrepância entre o comportamento da demanda interna e o do PIB, por causa dos estoques da indústria. “A demanda está indo e o PIB não está seguindo”, afirmou.
Schwartsman acredita que a situação pode mudar nos próximos trimestres, após um ajuste entre demanda e estoques da indústria. “Acho que em algum momento pós ajuste de estoques vamos ver essa parte de crescimento de demanda refletir mais. O crescimento do PIB, modesto no começo do ano, deve ficar mais forte”, afirmou. Na visão do economista, o que parece estar mais fraco é a linha de investimento.
“Muita coisa favorável vai ocorrer, mas há nuvens negras pousadas na Grécia e Espanha”, alerta Garcia. Dependendo do resultado das eleições na Grécia, o cenário econômico pode ficar mais desafiador. “As coisas devem melhorar nos próximos meses dadas as medidas que o governo andou tomando no crédito, juros, etc, mas mesmo que melhorem, temos que considerar a situação na Grécia”, afirma. Para Garcia, se o crescimento do PIB em 2012 repetir a taxa de 2012, de 2,7%, já seria positivo.
O governo projetava inicialmente um PIB de 4,5% para o ano, mas o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, já reconheceu que se a situação na Europa se mantiver como está, será difícil chegar lá.