Economia

O que esperar das 3 ou 4 privatizações prometidas por Guedes nesta semana

Para vender companhias grandes, como Eletrobras, Correios e Banco do Brasil, o governo precisa do Congresso, que não está no clima de saldão

E agora, Guedes? Mercado aguarda próximos passos do governo na economia (André Coelho/Getty Images)

E agora, Guedes? Mercado aguarda próximos passos do governo na economia (André Coelho/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 7 de agosto de 2020 às 15h12.

Última atualização em 11 de agosto de 2020 às 20h47.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta semana que o governo anunciaria três ou quatro privatizações nos próximos 60 dias.

Salvo o interesse que o comentário gerou em pessoas sedentas por novidades no setor — com a agenda de 2020 paralisada pela pandemia —, o clima no mercado estava mais para niilista:

"Deve ser algum 'penduricalho'", diz Arthur Mota, da Exame Research, se referindo a uma possível venda de subsidiária, "não devemos ter privatizações relevantes neste ano".

Por ora, a única proposta que talvez pudesse ser enviada ao Congresso para votação é a da Eletrobras, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, "mas não há nenhum prognóstico por parte dos parlamentares de focar nisso agora".

Há um ano e meio na atividade, a equipe econômica não conseguiu avançar na privatização de companhias grandes, como Eletrobras, Correios e Banco do Brasil, como desejava o ministro desde o início do mandato.

Dividido entre outras questões urgentes antes mesmo da crise do coronavírus, acabou não dando conta de avançar em todas essas frentes, ficando cada vez mais longe da já otimista meta trilionária remetida durante a campanha às privatizações por Guedes.

Resultado: até hoje, nenhuma estruturação do processo de venda dessas estatais saiu do papel

"Falta sinalizar melhor que tipo de plano nesse sentido o Executivo tem. (No caso da Eletrobras), seria por pulverização de ações? Não está claro. Poderia, por exemplo, colocar uma golden share, como fez com a Vale, para deixar o Congresso mais tranquilo, mas sem um projeto específico, detalhado, não vai funcionar", diz. 

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse nesta semana que não há entendimento entre deputados e senadores sobre a privatização da Eletrobras, o que torna muito difícil um avanço da pauta em 2020. Além disso, colocou o adiamento das eleições como outro empecilho.

Além disso, o momento pede outras prioridades, segundo ele, como as discussões sobre orçamento, reforma tributária e a lei do gás, que pode deixar o insumo mais barato. Esses assuntos dependem da atenção dos parlamentares para avançar e não devem deixar muitas brechas para decisões maiores em 2020.

Se por um lado as privatizações estão mais emperradas do que nunca, as concessões podem encontrar terrenos mais férteis, já que não dependem do aval do Legislativo.

"É uma pauta mais vencedora. Dá para o governo se reunir com o ministro da infraestrutura e tentar desovar o que ficou parado no primeiro trimestre", diz Vale.

A secretaria de desestatizações chefiada por Salim Mattar atingiu em 2019 R$ 100 bilhões em privatizações, muito acima da meta de R$ 20 mi. As operações consistiram, em sua maioria, na venda de subsidiárias da Petrobras e da Eletrobras, além de desinvestimentos em empresas e venda de ativos.

 

 

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