Barra da Tijuca vazia: início da pandemia fez comércio retrair 2,5% em março (Ricardo Moraes/Reuters)
Victor Sena
Publicado em 29 de maio de 2020 às 06h54.
Última atualização em 29 de maio de 2020 às 16h56.
A paralisação das atividades e o isolamento social devido à pandemia do coronavírus começaram apenas no meio de março, mas já devem ter causado um impacto no PIB do trimestre. Nesta sexta-feira, o IBGE divulga os dados da economia nos três primeiros meses do ano.
Previsões de instituições financeiras e de pesquisa, como o Bradesco e o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), projetam uma queda de -1% na economia brasileira nos três primeiros meses do ano. Já o Itaú BBA prevê um tombo de -0,5%.
Apesar de janeiro e fevereiro terem apresentado possíveis altas na atividade econômica, a paralisação do setor de serviços em março deve ser a principal causa da queda. Dados isolados do setor no mês, divulgados pelo IBGE na Pesquisa Mensal de Serviços mostram queda de -6,9%. O comércio e a indústria também retraíram em março, com quedas de -2,5% e -9,1%, respectivamente.
Dados de outros países também mostram como a pandemia do novo coronavírus tem impactado a economia. No primeiro trimestre, os Estados Unidos tiveram queda de -5% no PIB e a Alemanha, de -2,2%
De acordo com a economista Laura Miranda, do Ibre-FGV, a queda acontecerá no PIB do trimestre devido, principalmente, ao peso que o setor de serviços tem em seu cálculo.
“Essa queda no trimestre não teria acontecido se não fosse a quarentena. O varejo sofreu bastante, mesmo que ele tenha tido uma compensação com aumento nas vendas em supermercados e farmácias, com as famílias fazendo estoque. O setor de serviços também teve queda muito forte, especialmente os serviços prestados às famílias. Esse setor envolve alimentação fora de casa, hotelaria.”
Em 2019, o Brasil cresceu 1,1%, mas encerrou o último trimestre do ano com um crescimento trimestral acima dos anteriores, de 1,7%.
Para 2020, com a pandemia do novo coronavírus, a previsão do mercado financeiro, de acordo com o Boletim Focus, é de uma queda de 5,89%. O Instituto Internacional de Finanças prevê uma queda de 6,9%. Para a agência Fitch, a queda da economia será de 6%.
Em janeiro, a expectativa média do mercado financeiro para o crescimento do PIB de 2020 era de 2,3% de acordo com o primeiro boletim, divulgado pelo Banco Central, do ano.
Mesmo após o fim da pandemia, a economia brasileira deve conseguir se recuperar apenas em 2022. Previsões do Itaú BBA estimam uma queda de - 4,5% do PIB deste ano e uma recuperação de 3,5% em 2021.