Economia

Números econômicos da Zona do Euro preocupam governos

Atualmente, crescimento da zona do euro está estagnado (0% no segundo trimestre) e os preços em queda, suscitando preocupações relativas à deflação

As contas correntes da zona do euro registraram em junho um superávit de 13,1 bilhões de euros (Daniel Roland/AFP)

As contas correntes da zona do euro registraram em junho um superávit de 13,1 bilhões de euros (Daniel Roland/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de agosto de 2014 às 15h56.

Paris - Nenhum governo está satisfeito com os resultados econômicos da zona do euro, que tem tido baixo crescimento e sofre ameaça de deflação, em um debate político entre a austeridade e o incentivo dos governos à atividade econômica. Mais uma vez, parece que o BCE terá que entrar em ação.

Desde a crise da dívida soberana que colocou em risco a existência do euro em 2012, a tendência geral nos países que adotaram a moeda única é a redução dos déficits públicos. O tratado europeu de janeiro de 2012 reforça a disciplina, embora haja alguma flexibilidade, dependendo da situação econômica dos membros.

Atualmente, o crescimento da zona do euro está estagnado (0% no segundo trimestre) e os preços em queda, suscitando preocupações relativas à deflação.

"Pela enésima vez, os dados são decepcionantes", desabafa Frederik Ducrozet, analista do Crédit Agricole CIB à AFP.

"A falta de coordenação faz com que toda a Europa sofra um déficit de demanda e um risco de deflação", diz Olivier Passet, da agência francesa Xerfi.

A política da demanda pretende fomentar o consumo, tanto do setor privado como do público, o que pode repercutir negativamente nas contas públicas.

Neste contexto de dúvida, o debate público ganha força entre os partidários da austeridade e os favoráveis a políticas de reativação da economia (custosas para as finanças públicas).

A Alemanha espera que a França estimule a oferta, como o governo tem tentado, com o seu pacto de responsabilidade de 40 bilhões de euros favorável às empresas, e flexibilize o mercado de trabalho. Por outro lado, a França, que está mergulhada em uma crise política, deseja que a Alemanha incentive a demanda interna, a fim de movimentar a economia da zona do euro.

BCE no resgate da zona do euro

Como ocorreu no início da crise, quando as soluções políticas não avançavam, as expectativas se voltam para o presidente do BCE, Mario Draghi, para que ele tente tirar a zona do euro do atoleiro, recorrendo, sobretudo, à possibilidade de comprar a dívida dos membros.

"Não podemos, no entanto, deixar tudo nas costas do 'Super Mario'", adverte Ducrozet conferindo um apelido a Draghi.

O BCE não esgotou sua munição, mas se ela for esgotada e se os governos não ajudarem, as decisões do BCE podem não apresentar os resultados desejados.

Na sexta-feira, falando aos presidentes de bancos centrais em Jackson Hole, nos Estados Unidos, Draghi admitiu que está preocupado com as previsões sobre a inflação a médio prazo, um sinal, para alguns analistas, de que o BCE vai adotar medidas de estímulo e lutar contra a deflação.

Draghi ressaltou a necessidade de manter as reformas, principalmente no mercado de trabalho, e de sustentar a demanda com uma política orçamentária que incentive o crescimento.

"Isso pode ser considerado um pedido à Alemanha para que utilize sua confortável margem de manobra orçamentária para incentivar a demanda, e a nova Comissão Europeia, para que prepare um plano sério de investimentos públicos", opinou Christian Schulz, economista-chefe do banco alemão Berengerg.

O novo presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, prometeu investir 300 bilhões de euros nos próximos três anos.

O fomento à demanda na Alemanha passa pelo aumento dos salários, mas isso não diz respeito nem à Angela Merkel nem ao gasto público.

"Até o momento, a Alemanha está muito longe de utilizar o déficit público como ferramenta para a recuperação na Europa", diz Ducrozet.

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