Economia

Número de inativos cresceu 30,6% em nove anos, aponta o IBGE

O número de pessoas que não trabalham nem procuram emprego chegou a 51,1 milhões em 2013


	Carteira de Trabalho: os jovens são os mais impactados pelo desemprego
 (Marcello Casal Jr/ABr)

Carteira de Trabalho: os jovens são os mais impactados pelo desemprego (Marcello Casal Jr/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 10h21.

Rio - O número de pessoas que não trabalham nem procuram emprego (chamadas inativas ou economicamente não ativas) aumentou 30,6% em nove anos e chegou a 51,1 milhões em 2013, segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quarta-feira, 17.

Foi um aumento proporcional bem mais significativo do que a população economicamente ativa (que trabalha ou está em busca de ocupação), que cresceu 13,6% e chegou a 101,9 milhões de pessoas.

A população em idade ativa, de 16 anos ou mais de idade, cresceu 18,7% e era de 153 milhões em 2013.

A tendência de aumento da população fora do mercado de trabalho se manteve ao longo de 2014, como mostram as Pesquisas Mensais de Emprego (PMEs), também divulgadas pelo IBGE, com foco nas seis maiores regiões metropolitanas.

Além da ampliação do mercado de trabalho, com maior oferta de vagas no período de 2004 a 2013, o aumento da população não economicamente ativa ajuda a manter os baixos níveis de desemprego.

Isso porque diminui o universo de pessoas que procuram emprego.

A taxa de desocupação no País caiu de 8,7% para 6,4% em nove anos.

O número absoluto de pessoas ocupadas cresceu 16,5% em nove anos e alcançou 95,4 milhões.

O contingente de desocupados cresceu um pouco mais, 17,2%, e chegou a 6,5 milhões.

Jovens

Os jovens são os mais impactados pelo desemprego. Na faixa de 16 a 24 anos, os desocupados chegavam a 14,8% em 2013.

Segundo técnicos do IBGE, a pressão de jovens no mercado de trabalho é decorrente do fenômeno demográfico de aumento da faixa etária da população, mas também mostra que a economia não tem sido capaz de absorver essa nova força de trabalho.

Vários fatores contribuem para o aumento das pessoas que não fazem parte da força de trabalho.

Uma explicação é o aumento da renda das famílias, que faz com que jovens decidam elevar o período de estudos antes de começar a trabalhar.

Também idosos que já se aposentaram não veem necessidade de voltar ao mercado.

Há ainda o desalento de pessoas que não acreditam que encontrarão emprego e desistem de tentar se inserir no mercado.

As boas notícias sobre o acesso dos pobres à universidade não atenuam outros fenômenos já detectados em pesquisas anteriores do IBGE, como o contingente de jovens que não estudam nem trabalham, conhecidos como "geração nem nem".

Uma em cada cinco pessoas (20,3%) de 15 a 29 anos estava nessa condição em 2013. São 9,949 milhões de jovens. No ano anterior, o porcentual era semelhante: 19,7%.

Os números mostram que nem todos os integrantes da "geração nem nem" estão acomodados nesta condição: 26,3% dos jovens que não estudam nem trabalham estão procurando emprego. Essa proporção é bem maior entre os homens (36,6%) que entre as mulheres (21,6%).

Em números absolutos: 7,332 milhões de jovens não estudam, não trabalham e não procuram emprego e são chamados "nem nem". Outros 2,617 milhões estão fora do mercado de trabalho e das salas de aula, mas procuram emprego.

A maior concentração de "nem nem" é mulher, vive no Nordeste, tem entre 18 e 24 anos, é parda, na classificação de raça, e tem em média 8,6 anos de estudo.

No total de jovens de 15 a 29 anos, a média é de 9,4 anos de estudos. Entre os que estudam e trabalham, chega a 10,4 anos.

Mais da metade (57%) das mulheres que não estudam nem trabalham tem pelo menos um filho e a presença das crianças é um fator de impedimento para que exerçam alguma atividade além das tarefas domésticas.

Em outro corte, o IBGE estudou a população de 16 a 24 anos não economicamente ativa (não trabalha nem procura emprego).

Quatro em cada dez jovens nessa situação não estavam no sistema de ensino, ou seja, não trabalham, não procuram emprego e não estudam. São 4,6 milhões de pessoas.

Curso superior

A combinação de aumento da renda e da escolaridade, criação de programas de inclusão de jovens pobres nas universidades e implementação do sistema de cotas raciais está aos poucos mudando o perfil dos alunos de ensino superior no País. A

faixa de mais alta renda começa a dar espaço para os mais pobres, embora as diferenças ainda sejam gritantes, aponta o IBGE.

Em 2004, os 20% mais ricos do País eram 55% dos universitários da rede pública e 68,9% da rede particular. Em 2013, essas proporções caíram para 38,8% e 43%, respectivamente. Os 20% mais pobres, que eram apenas 1,7% dos universitários da rede pública, chegaram a 7,2%.

Na rede privada, a presença ainda é tímida, mas crescente: passou de 1,3% para 3,7%. A proporção de estudantes de 18 a 24 anos que estão na universidade saltou de 32,9% em 2004 para 55% em 2013.

No cenário internacional, porém, o Brasil ainda não tem o que comemorar. A proporção de pessoas com idade entre 25 e 34 anos com curso superior completo é de apenas 15,2%, inferior a países latino americanos como México (24,1%) e Chile (22,5) e muito abaixo dos campeões Coreia do Sul (65,7%), Japão (58,6%) e Canadá (57,3%), segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) comparados pelo IBGE.

Acompanhe tudo sobre:DesempregoEmpregosEstatísticasIBGE

Mais de Economia

Salário mínimo: Haddad confirma nova regra de reajuste e diz que piso continuará acima da inflação

Haddad anuncia isenção de IR para quem ganha R$ 5 mil e tributação para renda superior a R$ 50 mil

Banco Central russo para de comprar moedas estrangeiras para frear desvalorização do rublo

CCJ conclui audiências sobre reforma tributária, mas votação do parecer ainda não tem data