Brasileiros: crescimento do desemprego de longo prazo é maior entre os jovens (Paulo Whitaker/Reuters)
Ligia Tuon
Publicado em 18 de junho de 2019 às 11h38.
Última atualização em 18 de junho de 2019 às 12h58.
São Paulo - Mais de 3 milhões de brasileiros estão sem emprego há mais de dois anos (desemprego de longo prazo), segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Esse número teve um aumento de 42,4% em quatro anos, como mostra a análise de Mercado de Trabalho divulgada nesta terça-feira, 18, pelo instituto.
A parcela de desempregados nesse cenário avançou de 17,4% no primeiro trimestre de 2015 para 24,8% no mesmo período de 2019. O estudo utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE.
Mulheres são as mais afetadas pelo desemprego de longo prazo, apesar de o crescimento ter sido maior entre o público masculino. Entre as desocupadas, 28,8% estão nesta condição há pelo menos dois anos, contra 20,3% dos homens desempregados na mesma situação.
Adultos com mais de 40 anos vêm na sequência como mais prejudicados (27,3%), seguidos pelos trabalhadores com ensino médio completo (27,4%).
"Apesar de alguns indicativos de uma dinâmica recente mais favorável (com geração de empregos apesar dos indicadores ruins de atividade econômica), o mercado de trabalho segue bastante deteriorado, permeado por altos contingentes de desocupados, desalentados e subocupados", conclui Maria Parente Lameiras, técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea.
No trimestre até abril, a taxa de desemprego brasileira caiu de 12,7% para 12,5%, como mostrou o IBGE, na primeira queda seguida após três altas. Em 2018, o índice foi de 12,9% no mesmo período.
Vale ressaltar que, no estudo do Ipea, o crescimento do desemprego de longo prazo é maior entre homens, mais jovens e os com ensino médio completo, cujas proporções saltaram de 11,3%, 15% e 18,5%, respectivamente, para 20,3%, 23,6% e 27,4% de 2015 a 2019.
"No caso dos trabalhadores mais jovens, esse resultado acaba por corroborar um cenário de emprego ainda mais adverso, que combina desemprego elevado (27,3%), baixo crescimento da ocupação (0,4%) e queda de rendimento real (-0,8%)", explica Maria Lameiras no estudo.
Para o restante do ano, porém, a expectativa é de manutenção de uma recuperação gradual da ocupação e da renda média, aponta o instituto.
Para 2020, é esperada uma queda mais expressiva da taxa de desemprego e da desigualdade, "a partir da retomada mais forte do nível de atividade, condicionada à aprovação da reforma previdenciária no segundo semestre de 2019".
Os dados da Pnad mostram que, no primeiro trimestre de 2019, 22,7% dos domicílios brasileiros não possuíam nenhum tipo de renda vinda do trabalho. Além disso, os domicílios de renda mais baixa foram os que apresentaram menores ganhos salarias.
Enquanto isso, a renda dos domicílios mais ricos é trinta vezes maior que a dos domicílios mais pobres, segundo o levantamento.