Economia

Nove em cada 10 venezuelanos acham que as coisas 'vão mal'

Crise na Venezuela é percebida por 90% dos consultados em pesquisa, e 77% acreditam que sua situação será pior nos próximos seis meses

Venezuela: para 93% dos consultados, sua renda é suficiente para adquirir metade ou menos da metade dos produtos de que necessitam para viver (Marco Bello/Reuters)

Venezuela: para 93% dos consultados, sua renda é suficiente para adquirir metade ou menos da metade dos produtos de que necessitam para viver (Marco Bello/Reuters)

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AFP

Publicado em 24 de fevereiro de 2017 às 08h48.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 12h12.

Nove em cada dez venezuelanos consideram que as coisas em seu país "vão mal", e a maioria pensa que vão piorar, segundo uma pesquisa difundida nesta quinta-feira.

A marcha da Venezuela é percebida negativamente por 90% dos consultados da empresa Datos e 77% acreditam que sua situação será pior nos próximos seis meses.

A pequisa, contratada pela Câmara Venezuelana-Americana de Comércio e Indústria (Venamcham), estabeleceu ainda que 95% percebem que sua situação econômica é pior hoje do que há um ano.

O desabastecimento de bens básicos e o alto custo de vida são os problemas que mais preocupam os entrevistados.

Nos últimos anos, estas inquietações desbancaram a insegurança pessoal como o principal problema, especialmente desde 2014, quando a queda dos preços do petróleo aprofundou a crise econômica.

Para 93% dos consultados, sua renda é suficiente para adquirir metade ou menos da metade dos produtos de que necessitam para viver. Quarenta e oito por cento disseram que só têm acesso a "muito poucas coisas".

Enquanto isso, 94% destacaram a compra de comida entre seus principais gastos.

O pessimismo também se reflete na quantidade de pessoas dispostas a emigrar, especialmente jovens: 77% dos consultados entre 18 e 21 anos asseguraram que iriam embora da Venezuela se tivessem a oportunidade. Também o fariam 67% das pessoas de 22 a 35 anos.

Pelo menos 1,2 milhões de venezuelanos emigraram nos últimos 15 anos, segundo o sociólogo Tomás Páez, que investiga o fenômeno.

Durante um fórum sobre perspectivas econômicas organizado por Venamcham, no qual foi apresentado o estúdio, o diretor do instituto de pesquisas Datanálisis, Luis Vicente León, previu uma queda do consumo em 2017.

"Em 2017, o problema (para os empresários) não é ter produtos, mas vendê-los porque o consumidor não tem poder aquisitivo", destacou.

Os venezuelanos sofrem a inflação mais alta do mundo, projetada pelo FMI em 1.660% para 2017, e uma intensa escassez de alimentos básicos e medicamentos.

A pesquisa da Datos entrevistou 2.100 pessoas entre 11 e 30 de janeiro deste ano em 44 cidades com uma população superior a 50.000 habitantes. Tem margem de erro de 2,15% e um nível de confiança de 95%.

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