Gabriel Galípolo: segundo o presidente do Banco Central, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) não deveria ser usado para questões arrecadatórias e nem para apoiar a política monetária. (Raphael Ribeiro/BCB/Flickr)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 2 de junho de 2025 às 19h40.
Última atualização em 2 de junho de 2025 às 19h50.
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira, 2, que ele e os diretores da autarquia ainda debatem o ciclo de alta de juros, apesar do mercado fomentar a discussão sobre quando o processo de cortes da Selic será iniciado. As declarações de Galípolo foram feitas durante debate no Centro de Debates de Políticas Públicas (CDPP).
"Estamos ainda no estágio anterior. Estamos discutindo o ciclo de alta. Nós ainda estamos discutindo o ciclo de alta e o que vamos tomar de decisão. A flexibilidade significa que estamos abertos e vamos chegar na próxima reunião para tomar essa decisão sobre o que fazer", disse.
A busca do mercado por interpretações distintas sobre as mesmas frases presentes nas seguidas comunicação da autoridade monetária tem chamado a atenção do BC, afirmou Galípolo.
"Do ponto de vista da política monetária, há uma tríade da repetição das palavras incerteza, o que tem demandado a cautela e flexibilidade. Neste ambiente, onde a incerteza predomina, às vezes, a mesma frase ou a mesma comunicação, a depender do dado que saiu naquele dia, é interpretada de maneira absolutamente distinta e diferente. E mesmo coisas que eram recomendadas até pouco tempo atrás e entendidas como melhor solução e caminho, com apresentação de um cenário, se tornou difícil", disse.
Galípolo também voltou a afirmar que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) não deveria ser usado para questões arrecadatórias e nem para apoiar a política monetária.
Segundo ele, do ponto de vista cambial, o receio é que o uso do IOF possa soar como controle de capitais, o que não é desejável.
"Sempre tive a visão de não usar o IOF nem para questões arrecadatórias e nem para apoiar a política monetária. É um imposto regulatório, como está definido. Do ponto de vista do câmbio, o receito é que possa soar como controle de capitais, o que não é desejável. Do ponto de vista do crédito, não é desejável que tenha escolha da linha em função de arbitragem tributária", disse.
O presidente do BC também afirmou que não seria possível estimar o impacto da medida do ponto de vista da política monetária porque ainda não está claro se as regras do decreto serão alteradas.