Zimbábue (SANA/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 12 de junho de 2015 às 14h14.
Última atualização em 16 de novembro de 2017 às 14h27.
São Paulo - Em 2009, o Zimbábue desistiu de ter moeda própria e passou a permitir o uso do dólar e outras moedas como o rand sul-africano.
O motivo: a hiperinflação estava obrigando o governo a cortar regularmente séries de zeros do valor.
A inflação chegou a centenas de milhões por centos. No Brasil, considerado de inflação alta, a taxa não passa dos dois dígitos anuais.
As pessoas tinham que carregar verdadeiras malas de dinheiro para os mercados, os preços subiam mais de uma vez por dia e muitos recorriam a simples trocas de produtos ao invés de transações comerciais.
O problema culminou na emissão da infame nota de 100 trilhões de dólares, hoje vendida como curiosidade por muito mais do que seu valor real na época.
Transição
John Mangudya, presidente do Banco Central do Zimbábue, explicou ontem em comunicado como pretende continuar com o processo de dolarização da economia.
A partir de segunda-feira, quem tinha dólares zimbabuanos no banco antes de março de 2009 poderá converter até setembro o valor para dólares americanos.
A taxa de câmbio utilizada é de US$ 1 para 35 quadrilhões de dólares zimbabuanos (35.000.000.000.000.000). De acordo com o Guardian, o BC tem 20 milhões de dólares separados para honrar esse compromisso.
Contexto
O Zimbábue é governado desde 1980 com mão de ferro por Robert Mugabe, ex-líder da luta pela independência e hoje o chefe de estado mais velho de um país africano.
Políticas de apropriação de terras desorganizaram o setor agrícola, que já foi um dos mais desenvolvidos do continente, e impediram o aumento do turismo em um país que tem atrações como as cataratas Vitória e ruínas de pedra do século XI.
A inflação foi controlada desde a dolarização em 2009 e o país tem experimentado algum crescimento nos últimos anos, mas suas taxas de desemprego e a pobreza continuam entre as piores do mundo.