Economia

No Brasil, 84,8% das empresas abertas conseguem sobreviver ao primeiro ano

Taxa de criação de novas empresas ficou em 15,2% e a de saída em 15,7%, gerando saldo negativo de 22,9 mil empresas

Empresas: nos últimos anos, 2013 foi o pior ano para o nascimento de empresas, com apenas 71,9% de sobrevivência após um ano (Mario Tama/Getty Images)

Empresas: nos últimos anos, 2013 foi o pior ano para o nascimento de empresas, com apenas 71,9% de sobrevivência após um ano (Mario Tama/Getty Images)

AB

Agência Brasil

Publicado em 17 de outubro de 2019 às 12h07.

Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 12h17.

O Brasil tinha, em 2017, 4.458.678 empresas, com 38,4 milhões de pessoas ocupadas, sendo 31,9 milhões na condição de assalariadas e 6,5 milhões de sócios ou proprietários. É o que mostram dados divulgados hoje (17), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na pesquisa Demografia das Empresas e Empreendedorismo 2017.

Segundo o estudo, a taxa de sobrevivência das companhias, ou seja, que permaneceram abertas após pelo menos um ano, ficou em 84,8%.

O levantamento considera somente as entidades empresariais, excluindo todos os órgãos públicos, empresas públicas, entidades sem fins lucrativos, Microempreendedor Individual (MEI) e Organização Social (OS).

Saldo negativo

A taxa de entrada no mercado — ou seja, criação de novas empresas — ficou em 15,2% e a de saída em 15,7%, gerando um saldo negativo de 22,9 mil empresas no mercado, o que representa um decréscimo de 0,5% no número de empresas em atividade no país.

Segundo a técnica da Coordenação de Cadastro e Classificações do IBGE Denise Guichard Freire, os dados apontam para um menor dinamismo no mercado.

“Nos últimos anos, se observa que as empresas têm entrado cada vez menos no mercado, isso reflete, sim, um menor dinamismo, mas também tem saído muita empresa, então com isso tem aumentado a taxa de sobrevivência dentro das companhias ativas”, disse.

Denise ressalta que o movimento de entrada e saída não é uniforme no país todo.

“Em 2016, por exemplo, você tinha uma taxa de entrada inferior à de saída em todo o país, em todas as regiões. Mas, em 2017 a gente observa que, nas regiões Centro-Oeste e Norte, você já tem unidades da federação em que o movimento de entrada é superior ao de saída. No Nordeste já está empatando. Então, a gente observa que a economia ainda estava um pouco fraca em 2017, mas já estava começando a recuperar um pouco o fôlego”, argumenta.

Enquanto o Sul e o Sudeste registraram as maiores taxas de sobrevivência - 86,6% e 85% -, as maiores taxas de entrada e saída foram nas regiões Norte (19% e 18,8%), Centro-Oeste (17,2% e 16,4%) e no Nordeste (16,9% para ambas).

Sobrevivência em 5 anos

Menos da metade das empresas abertas no Brasil na última década sobreviveram por mais de cinco anos. A pesquisa Demografia das Empresas começou a ser feita em 2008 e, desde então, o melhor ano em termos de nascimento de empresa que se mantiveram por mais de cinco anos foi 2008, com 47,8% das companhias abertas naquele ano permanecendo por mais tempo.

Os dados mais recentes disponíveis para a avaliação de cinco anos, referentes a 2012, mostram que, das empresas abertas naquele ano, 39,8% sobreviveram ao quinto ano no mercado.

O pior ano para abertura de empreendimentos foi 2010, com taxa de sobrevivência no médio prazo de 39%.

Para o curto prazo, 2013 foi o pior ano para o nascimento de empresas, com 71,9% de sobrevivência após um ano. Das empresas abertas em 2008, 81,5% sobreviveram ao primeiro ano.

O melhor e o pior saldo

Na série histórica, o melhor saldo foi registrado no ano de 2010, com 262.695 empresas a mais no mercado. O pior ano foi 2014, quando o saldo ficou negativo em 217.687 empresas.

O número de empresas ativas variou de 4.077.662 em 2008, chegando ao ápice de 4.775.098 em 2013, e diminuindo desde então, voltando ao patamar de 2010.

Apesar do saldo de companhias entrando e saindo do mercado se manter negativo desde 2014, o pessoal ocupado assalariado nessas empresas se mantém positivo a longo dos anos, com 360 mil empregados a mais em 2017.

Na análise por porte, 46,2% das empresas ativas em 2017 não tinham nenhum pessoal ocupado assalariado, contando apenas com os sócios ou proprietário; 43,6% tinham de um a nove; e 10,2% tinham dez ou mais pessoas assalariadas. A média dos rendimentos ficou em 2,6 salários mínimos.

Na distribuição do pessoal assalariado por tipo de empresa, os setores que mais empregam são o de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, com 8,8 milhões de pessoas, seguido de indústrias de transformação, com 7,2 milhões, e atividades administrativas e serviços complementares, com 3,5 milhões.

O setor com a maior entrada de pessoal assalariado também foi o comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, com 263.861 pessoas, assim como a maior saída, de 138.522, e também o maior saldo, com 125.339 pessoas assalariadas no setor em 2017.

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