Economia

Nissan prevê queda no mercado automotivo brasileiro

O presidente mundial do grupo Nissan, Carlos Ghosn, também ressaltou a esperança de abocanhar uma fatia maior do mercado nacional em meio à retração do setor


	Carlos Ghosn, da Nissan: "Estamos dispostos a crescer e continuar nossa política ofensiva no mercado brasileiro"
 (Jiji Press)

Carlos Ghosn, da Nissan: "Estamos dispostos a crescer e continuar nossa política ofensiva no mercado brasileiro" (Jiji Press)

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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2015 às 19h17.

Rio de Janeiro - O presidente mundial do grupo Nissan, Carlos Ghosn, previu nesta terça-feira um 2015 difícil no mercado automotivo no Brasil, mas disse que a companhia não tem em vista um plano de demissões para o país.

No Rio de Janeiro, onde concedeu entrevista coletiva de lançamento de um motor 1.0 de três cilindros que será produzido em Resende (RJ), o executivo brasileiro também ressaltou a esperança de abocanhar uma fatia maior do mercado nacional em meio à retração do setor.

Segundo ele, a Nissan pretende passar dos atuais 2,5% de participação para 5% neste ano. Em 2017, a meta é garantir 6,5%.

Ghosn se mostrou esperançoso com a nova equipe econômica nomeada pela presidente Dilma Rousseff e liderada por Joaquim Levy como ministro da Fazenda, mas frisou que, "a curto prazo, milagres são impossíveis".

"Para 2015, o melhor que podemos esperar é um mercado estável. O mais provável é que vá cair. Quando ele vai cair? Vai depender muito das decisões tomadas, como elas vão ser acompanhadas, e se vai ter alguma medida de suporte ao consumidor", declarou.

Em relação a 2014, o executivo classificou o ano como decepcionante. "Ninguém vai dizer que 2014 foi um ano bom para a indústria automotiva. Foi realmente uma decepção", afirmou.

Também presidente da aliança Renault-Nissan, Ghosn previu que 2016 pode ser um ano "mais otimista" se o governo "tomar boas decisões".

Perguntado sobre o demissão de 800 trabalhadores de uma fábrica da Volkswagen no Brasil, anunciada hoje pela montadora alemã, Ghosn disse que por enquanto, e até que a equipe de Levy detalhe suas linhas estratégicas, nem a Nissan, nem a Renault têm previstas medidas parecidas.

"Estamos dispostos a crescer e continuar nossa política ofensiva no mercado brasileiro", afirmou o executivo.

Ghosn lembrou que não houve mudanças nos planos de investimento no Brasil por parte da montadora japonesa, que se comprometeu a investir R$ 2,6 bilhões no país.

O comentário foi feito em relação à suspensão de contratos de trabalho (lay-off) que a Nissan fez com 279 funcionários há dois meses e meio.

Todos eles voltaram ontem a seus postos para cobrir a produção do novo motor, que equipará o sedã Nissan New Versa, fabricado a partir deste este mês em Resende (RJ).

"Foi uma medida temporária em um momento específico para nos adaptarmos à realidade do mercado, mas ninguém foi despedido", complementou o presidente da Nissan no Brasil, François Dossa.

Em relação no cenário internacional, Ghosn espera crescimento de 2% a 3%, puxado por China, Estados Unidos e uma Europa em recuperação.

Este aumento do setor automobilístico mundial, que Ghosn estimou entre 2% e 3%, terá "poucos pontos fracos", entre os quais se encontrarão, segundo projeções da montadora, Brasil e Rússia.

"Não será um ano de recessão, mas de crescimento moderado, com desequilíbrio entre mercados", afirmou Ghosn.

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