Arquipélago de Fernando de Noronha, no Nordeste do Brasil (Andras Jancsik/Getty Images)
Agência de Notícias
Publicado em 17 de novembro de 2025 às 09h27.
A Neoenergia, subsidiária da espanhola Iberdrola no Brasil, oficializou o início das obras da maior usina solar de Fernando de Noronha, que permitirá até 2027 a descarbonização da geração elétrica do arquipélago, considerado Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco.
Assim, sua ilha principal, onde serão instalados mais de 30 mil painéis integrados a sistemas avançados de armazenamento por baterias, se tornará a primeira da América Latina com uma matriz energética verde.
"Hoje construímos algo novo para a humanidade no sentido de que é possível um mundo mais sustentável, com uma energia mais limpa, mais eficiente e mais competitiva", destacou o presidente da Iberdrola, Ignacio Galán, à imprensa durante um evento, realizado no Forte Nossa Senhora dos Remédios, que é um dos principais pontos turísticos de Noronha.
Com uma área de 24,63 hectares, a Usina Noronha Verde demandará um investimento de R$ 350 milhões por parte da companhia e atenderá aos cerca de 3.100 habitantes locais com uma capacidade total de 22 MWp de geração e de 49 MWh de armazenamento, equivalente ao consumo de 9.000 residências no continente.
No primeiro semestre de 2026, a companhia concluirá a primeira etapa do projeto com a entrega de 16% da central, que deve estar totalmente operacional em 2027.
Para Galán, a iniciativa realizada com o apoio do Ministério de Minas e Energia e do estado de Pernambuco, e lançada às vésperas do início da COP30 em Belém, demonstra também o compromisso do grupo com o Brasil, onde investirá cerca de R$ 40 bilhões entre 2025 e 2029.
De acordo com o CEO da Neoenergia, Eduardo Capelastegui, em nível de custos operacionais, o novo sistema será mais barato que o atual, e, por isso, o novo projeto também beneficiará todo o sistema elétrico brasileiro, além de promover mudanças que transformarão a qualidade de vida na ilha.
O santuário ecológico de origem vulcânica de 26 km², composto por 21 ilhas, rochas e ilhotas, está localizado a mais de 500 quilômetros da capital de Pernambuco.
Descoberto em 1503, foi utilizado como base militar estratégica por Brasil e Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial e serviu de prisão durante o século XIX e a ditadura militar no Brasil, antes de se tornar um dos principais destinos turísticos do país.
Apesar de ser uma área de proteção ambiental com praias paradisíacas e rica biodiversidade, sua principal fonte energética é a Usina Tubarão, que queima cerca de 27.000 litros diários, emitindo cerca de 21.000 toneladas de CO2 por ano.
Por isso, quando a nova planta solar estiver totalmente operacional, Tubarão servirá somente para garantir a segurança energética da ilha e será acionada apenas em situações emergenciais.
"Com 100% de descarbonização, qualquer iniciativa posterior, como a mobilidade urbana, se baseará em uma matriz 100% renovável, o que combina com a ilha, que é uma reserva da Unesco", acrescentou.
Para impulsionar o desenvolvimento sustentável na região e converter Noronha em uma referência internacional, a Neoenergia investiu entre 2020 e 2025 cerca de R$ 92,5 milhões.
"Temos em andamento todo um programa integral para que a ilha possa se tornar uma referência global", assinalou Capelastegui em referência a distintas iniciativas que incluem o "Programa Mais por Noronha", idealizado pela companhia para impulsionar o desenvolvimento sustentável na ilha, com projetos de mobilidade e inovação tecnológica, com destaque para a energia solar.
Nesse sentido, a Neoenergia aposta forte no sol, que demonstrou ser a fonte renovável mais adequada à realidade da ilha, por sua eficiência e impacto ambiental, de acordo com um estudo realizado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) a pedido da empresa.
Por isso, durante a cerimônia deste sábado, a companhia também anunciou a entrega da primeira planta solar flutuante do arquipélago, capaz de evitar a emissão de 717 toneladas de CO2 por ano.
A central foi construída sobre o Açude do Xaréu, está operacional desde setembro e contou com um investimento de R$ 10 milhões.
O arquipélago dispõe atualmente de cinco centrais construídas pela Neoenergia, que respondem por 5% da demanda energética local (1.682 kWp).