Economia

"Nenhum economista sério aceitaria após experiência de Levy"

Para Alexandre Schwartsman, "o mercado vê, com razão aliás, o Nersão como o sujeito da Nova Matriz Econômica, que jogou o país na crise atual"


	O ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o atual, Nelson Barbosa
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

O ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o atual, Nelson Barbosa (Ueslei Marcelino/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 18 de dezembro de 2015 às 18h44.

São Paulo - Alexandre Schwartsman, ex-Diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central e sócio-diretor da Schwartsman & Associados, não vê com bons olhos a indicação de Nelson Barbosa para o Ministério da Fazenda.

Crítico de longa data da política econômica do governo, Schwartsman diz que a entrada de Barbosa é de certa forma reflexo da falta de opções do governo Dilma:

"Nenhum economista sério iria aceitar o cargo depois da experiência do Joaquim Levy. Do resto, o Nelson é quem se achava mais perto."

A solução "interna e política" para substituição no ministério também foi criticada por outros economistas ouvidos por EXAME.com  e pelo mercado financeiro.

Coletiva

Ninguém sabe ainda se a chegada de Barbosa vai significar uma guinada de política econômica. Em sua coletiva de imprensa agora pouco, o ministro garantiu que "o compromisso com o ajuste fiscal continua o mesmo".

Ele notou que tivemos este ano "o maior contingenciamento [de despesas] já feito desde que existe contingenciamento" e se comprometeu com a meta de 0,5% do PIB no ano que vem:

"Em 2016 vamos gastar em níveis de 2010. Esse fato, mais do que qualquer declaração, fala do compromisso do governo com o equilíbrio fiscal".

Reações

O mercado financeiro reagiu mal com os rumores da saída de Levy e entrada de Barbosa. A bolsa fechou com queda de 2,98% com 43.910 pontos, menor nível desde abril de 2009. Agora, é esperar para ver o que ocorre na segunda-feira:

"A reação deve ser péssima: o mercado vê, com razão aliás, o Nersão como o sujeito da Nova Matriz Econômica, que jogou o país na crise atual. Ele pode se ajoelhar e pedir perdão e nem assim terá o benefício da dúvida. Dólar pra cima, juro subindo e inflação também", diz Schwartsman.

Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings, considera a escolha de Barbosa uma atitude "caseira e equivocada" do governo:

"Enquanto todos pediam austeridade, o governo opta por alguém com perfil heterodoxo. Acho que os mercados vão reagir muito negativamente na segunda-feira".

Acompanhe tudo sobre:Ajuste fiscalEconomistasJoaquim LevyMinistério da FazendaNelson Barbosa

Mais de Economia

Governo reduz contenção de despesas públicas de R$ 15 bi para R$ 13 bi e surpreende mercado

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025

“Existe um problema social gerado pela atividade de apostas no Brasil”, diz secretário da Fazenda

Corte de juros pode aumentar otimismo dos consumidores nos EUA antes das eleições