Economia

Nem União Soviética faria o que Trump tem feito com Brasil, diz assessor especial de Lula a jornal

Celso Amorim diz ao Financial Times que pressão dos EUA só fortalece bloco e chama interferência de “sem precedentes”

Publicado em 28 de julho de 2025 às 06h21.

O governo brasileiro pretende estreitar os laços com o Brics, mesmo diante da ameaça de tarifas elevadas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo o assessor especial de política externa Celso Amorim. Amorim afirmou ao Financial Times que a pressão exercida por Washington está produzindo o efeito contrário ao pretendido.

Segundo Amorim, a tentativa de interferência dos EUA nos assuntos internos brasileiros não tem precedentes na história recente. “Nem a União Soviética faria algo semelhante”, disse o diplomata, justificando ao Financial Times que esses ataques “estão reforçando nossas relações com o Brics, porque queremos ter relações diversificadas e não depender de nenhum país”.

O Brics, grupo que reúne economias emergentes como China, Índia e Rússia, é considerado pelo governo brasileiro uma plataforma essencial para equilibrar interesses globais. Amorim destacou que o Brasil também pretende fortalecer laços com parceiros na Europa, na América do Sul e na Ásia para reduzir a dependência de um único mercado.

O assessor apontou que as medidas de Trump, que incluem tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, representam um movimento de caráter político. Ele afirmou que a postura do presidente dos EUA visa pressionar Brasília e, ao mesmo tempo, atender a aliados próximos.

O diplomata disse que "o Brasil continuará defendendo um modelo de relações internacionais baseado em múltiplas alianças e na preservação de sua soberania". Ele também voltou a cobrar a ratificação do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que permanece paralisado.

Para Amorim, a condução norte-americana atual expressa “uma visão de poder absoluto, sem amigos nem interesses claros”. O Brasil, disse ele, "não cederá a pressões externas e seguirá buscando maior integração regional e global".

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