Economia

Negociações salariais são maior risco à inflação, diz BC

O risco decorre da "possibilidade de as negociações salariais atribuírem peso excessivo à inflação passada, em detrimento da inflação futura"


	BC: um dos fatores seria os reajustes menores do mínimo
 (João Ramid/Veja)

BC: um dos fatores seria os reajustes menores do mínimo (João Ramid/Veja)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2014 às 10h27.

Brasília - No Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira, 26, o Banco Central (BC) voltou a afirmar que um risco importante para a inflação vem do mercado de trabalho.

De acordo com o documento, esse rico decorre da "possibilidade de as negociações salariais atribuírem peso excessivo à inflação passada, em detrimento da inflação futura".

Citando as conclusões do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC reafirmou que a dinâmica salarial continua originando pressões inflacionárias de custos, ponderando que, no horizonte relevante, "antecipam-se desenvolvimentos que tendem a contribuir para o arrefecimento dos riscos originados no mercado de trabalho".

De acordo com o documento, esses fatores seriam reajustes menores do salário mínimo e dos salários do funcionalismo público.

Curto prazo e PIB

O BC avaliou, no RTI que a composição do crescimento de curto prazo é mais favorável ao crescimento potencial da economia brasileira. Essa é uma novidade que foi incluída no capítulo do documento que trata das perspectivas para a inflação.

O BC destaca que avanços da qualificação da mão de obra e no programa de concessão dos serviços públicos apontam nessa direção.

Para a instituição, o que sustenta essa avaliação sobre o PIB potencial da economia brasileira é que o cenário de maior crescimento global, combinado com depreciação do real, tende a favorecer o crescimento da economia do País; e de que emergem condições mais favoráveis à competitividade da indústria e também da agropecuária.

Além disso, o setor de serviços tende a crescer a taxas menores do que as registradas em anos anteriores. Essas mudanças, para o BC, estariam antecipando uma composição mais favorável ao crescimento potencial, que é a capacidade de crescimento da economia sem causar pressões inflacionárias.

"Nesse contexto, em prazos mais longos, emergiriam bases para ampliação da taxa de investimento da economia, para uma alocação mais eficiente dos fatores de produção e, consequentemente, para que as taxas de crescimento do PIB retomassem patamares mais elevados", aponta o Banco Central.

"O Comitê ressalta, contudo, que a velocidade de materialização das mudanças acima citadas e dos ganhos delas decorrentes depende do fortalecimento da confiança de firmas e famílias."

Capacidade instalada

No Relatório que derrubou a projeção para a Formação Bruta de Capital Fixo em 2014, o BC também mudou sua avaliação sobre a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) para uma "tendência de recuo e grau de heterogeneidade relativamente elevado entre os setores".

No documento passado, de março, a avaliação da autoridade monetária era de uma "leve tendência de crescimento" na utilização da capacidade. Da mesma forma, o relatório não trouxe mais menção a uma "intensificação dos investimentos.

"Em termos de indicadores de ociosidade da economia como um todo, o Conselho Monetário Nacional (Copom) nota que, de modo geral, medidas convencionais de hiato do produto têm se deslocado no sentido desinflacionário", cita o documento.

"Na margem, as taxas de expansão da atividade têm sido menores do que as estimativas de crescimento potencial da economia", acrescentou o relatório.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralInflaçãoMercado financeiroSalários

Mais de Economia

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados