Augusto Nardes, ministro do TCU: "eu, pessoalmente, acho que pode ser feita uma reposição desses recursos de forma parcelada" (Adriano Machado/ Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de outubro de 2015 às 16h59.
Rio de Janeiro - O relator do processo de avaliação das contas de 2014 do governo federal no TCU, ministro Augusto Nardes, cobrou nesta quinta-feira um rápido posicionamento do Congresso Nacional sobre as manobras fiscais do governo e defendeu que as chamadas "pedaladas fiscais" sejam pagas de forma parcelada.
“Não sou eu que vou decidir essa questão, é o plenário (do tribunal) que vai definir as pedaladas... eu, pessoalmente, acho que pode ser feita uma reposição desses recursos de forma parcelada, mas não sabemos o valor e o prazo que isso vai ser discutido”, afirmou o ministro.
O governo ainda aguarda uma definição do Tribunal de Contas da União (TCU) se poderá parcelar o pagamento dos recursos referentes às pedaladas fiscais ou se terá que fazer isso de uma vez só. Nesta manhã, o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, afirmou que há um potencial de abatimento da meta de resultado primário de 2015 de 50 bilhões de reais referentes às pedaladas, indicando a possibilidade de um déficit de 110 bilhões de reais no ano.
Sobre a análise das contas no Congresso, que em última instância pode reforçar os pedidos de afastamento da presidente Dilma Rousseff, Nardes disse que é preciso o Congresso votar logo, porque há um desejo e um anseio da sociedade em saber se Dilma permanece no governo ou passará por um processo de impeachment.
O TCU recomendou ao Congresso a rejeição das contas de 2014 do governo devido, entre outros pontos, às pedaladas fiscais --atraso no repasse de recursos para bancos públicos para cobrir gastos com programas do governo.
“O Congresso não pode demorar muito tempo porque a sociedade precisa de uma decisão, ou seja, em relação a situação do governo, se ele permanece ou muda”, disse Nardes a jornalistas após palestra no Rio de Janeiro. Mais tarde, em evento na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Nardes afirmou que as contas presidenciais devem ser apreciadas somente no ano que vem.
"É um processo lento o julgamento, poderia ser esse ano, mas provavelmente vai ficar para o ano que vem. O ideal era que fosse este ano", afirmou.