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Da Redação
Publicado em 18 de março de 2010 às 11h21.
Foi, como se diz popularmente, "briga de velho". Um diz: "O senhor me respeite". O outro responde: "O senhor me respeite". No fundo, ficou nisso; não saíram no braço. Mas é uma piada, realmente, que personagens como Mendes e Barbosa, a quem cabe servir de exemplo, se comportem desse jeito. O STF, normalmente, é o ponto máximo da carreira de um profissional da ciência jurídica. O ministro Mendes e o ministro Barbosa parecem estar indo na direção oposta; dão a impressão de estar fazendo o possível para acabar mal as suas biografias. Nenhum deles acha isso, é claro. Ao contrário, têm certeza de estar brilhando. Acham-se dois titãs do direito, mas na semana passada viveram um desses episódios em que nenhuma das partes tem razão; o resultado é que conseguiram ser apenas cômicos, como sempre acontece em situações assim. É a consequência, mais uma vez, do progressivo abandono do princípio segundo o qual juízes devem julgar em vez de exibir-se - atitude que tantas figuras do Poder Judiciário brasileiro, hoje em dia, consideram obsoleta.
Resta acertar, naturalmente, o que foi dito pelo presidente Gilmar Mendes e pelo ministro Joaquim Barbosa durante o seu entrevero. Barbosa acusou Mendes, simplesmente, de estar "destruindo a Justiça" brasileira. É mesmo? Como é que ficamos, então, se ninguém menos que o presidente da Suprema Corte de Justiça do país é acusado por um de seus próprios colegas de destruir a Justiça? De duas, uma: ou ele está fazendo isso ou não está. Se está, deveria ser afastado imediatamente do cargo, antes de completar a destruição. Se não está, quem deveria pedir as contas é o acusador, por denúncia falsa. Da mesma forma, Mendes assegura que Barbosa não tem condições de lhe dar "lições de moral". Tem ou não tem? Eis aí, de novo, a dúvida. Se não tem essas condições, é porque não tem moral e não poderia permanecer no cargo; se tem, é a vez de Mendes ficar na condição de falso acusador. Em qualquer das hipóteses acima, o público em geral, que paga os salários de ambos, fica no prejuízo.
É uma tristeza, para o Brasil, que integrantes do Poder Judiciário tenham metido na cabeça, ao longo dos últimos anos, a ideia de que são estrelas. Fazem discursos. Dão entrevistas. Veem a si próprios como "personalidades". Falam demais. Parece, com todo o respeito, que está na hora de ouvirem a célebre pergunta que o rei da Espanha fez ao coronel Hugo Chávez: "Por que não te calas?" O país ganharia muito com isso - e eles também.