Economia

Não é impressão: os últimos anos estão mesmo mais incertos

Estudo mostra que índice de incerteza nos últimos dois anos foi mais alto até do que no auge da crise financeira em 2008 e 2009

Quando a incerteza sobe, a economia sofre: e isso tem acontecido com frequência

Quando a incerteza sobe, a economia sofre: e isso tem acontecido com frequência

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 16 de novembro de 2016 às 16h13.

Última atualização em 16 de novembro de 2016 às 16h24.

São Paulo - Impeachment, golpe na Turquia, Brexit, eleição de Donald Trump: é grande a lista dos eventos que balançaram as economias e mercados só em 2016.

E o mundo está de fato com níveis de incerteza mais altos nos últimos anos, segundo um estudo lançado pelo Escritório Nacional de Pesquisa Econômica dos Estados Unidos.

O autor é Steven Davis, da Faculdade de Administração Booth da Universidade de Chicago. que criou com outros economistas um índice de incerteza mensal de janeiro de 1997 a agosto de 2016.

Estão contemplados 16 países que respondem por dois terços da produção mundial. Seu peso no índice é proporcional ao seu peso econômico.

O nível de incerteza leva em conta a frequência de artigos em jornais locais que falem ao mesmo tempo de economia, incerteza e questões de política pública.

Algumas medidas foram tomadas para corrigir possíveis distorções, como um grupo de controle humano paralelo que minimiza o risco de falsos positivos ou negativos.

O valor mediano do índice entre julho de 2011 e agosto de 2016 é 60% mais alto do que nos 14 anos e meio anteriores, além de ser 22% mais alto do que no auge da crise em 2008 e 2009.

O índice flutua de forma similar em jornais de esquerda e de direita, além de ser consistente com outras medidas de incerteza que usam critérios diferentes.

Isso importa porque "muitas análises teóricas mostram como a incerteza potencialmente afeta o investimento, contratação, consumo, custos de financiamento, preços de ativos, crescimento da produção e outros resultados econômicos", diz o estudo.

O Brasil é um dos países contemplados pelo índice e citado como um exemplo de grande incerteza nos últimos tempos:

"Uma longa e severa recessão, uma onda extraordinária de investigações de corrupção e o recente impeachment e remoção da presidente se combinaram para virar o cenário político. O novo presidente do Brasil promete retomar o crescimento revertendo várias políticas grandes da sua predecessora. Seu sucesso nessa empreitada é altamente incerto".

Outros eventos dos últimos anos que coincidem com aumento grande da incerteza captada pelo índice são os ataques do 11 de setembro em 2001, a invasão do Iraque em 2003 e a recente crise imigratória na Europa.

Acompanhe tudo sobre:BrexitDonald TrumpImpeachmentTeoria econômicaUniversidade de Chicago

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE