Economia

Não dá para dizer que alta de serviços é o início de recuperação, diz IBGE

Setor acumulou uma perda de 1,8% nos três primeiro meses do ano e encontra-se 1,4% abaixo do patamar de dezembro de 2018

Serviços: setor cresceu 0,3 por cento em relação a março (Germano Lüders/Exame)

Serviços: setor cresceu 0,3 por cento em relação a março (Germano Lüders/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de junho de 2019 às 13h13.

Última atualização em 13 de junho de 2019 às 14h38.

Rio - A alta de 0,3% no volume de serviços prestados na passagem de março para abril foi o primeiro resultado positivo do ano de 2019, mas ainda não recupera sequer a perda de 0,8% registrada no mês anterior, observou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgada nesta quinta-feira, 13, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O setor de serviços acumulou uma perda de 1,8% nos três primeiro meses do ano e encontra-se ainda 1,4% abaixo do patamar de dezembro de 2018, lembrou Lobo.

A demanda enfraquecida e a falta de investimentos são elementos que têm dificultados uma recuperação do setor de serviços, segundo Lobo.

"Não dá para dizer que é o início de uma recuperação. Tem que levar em consideração a trajetória ao longo do tempo. Essa variação positiva na passagem de março para abril não elimina nem sequer a perda de março, de 0,8%. Três setores mostraram avanços na passagem de março para abril, mas o resultado ainda foi puxado pelo setor de informação e comunicação, que é o mais pesado. Não é uma nova fase (para os serviços), por ora não podemos dizer isso", resumiu.

Em abril, os serviços operavam 11,9% abaixo do ponto mais alto da série histórica, alcançado em janeiro de 2014.

Segundo Rodrigo Lobo, as primeiras informações de indicadores antecedentes referentes a maio foram negativas, como a queda na confiança do empresariado de serviços para o menor patamar desde setembro, período pré-eleições, e redução no fluxo de veículos em rodovias pedagiadas, que tem aderência grande com o desempenho do transporte rodoviário de carga.

O índice de difusão de serviços - que mede a proporção dos 166 segmentos investigados com avanços no volume prestado - aumentou de 44,0% em março para 48,8% em abril. "Ainda está negativo, ainda tem mais da metade dos serviços com queda em relação ao mesmo mês do ano anterior", ressaltou.

Em relação a abril de 2018, o volume de serviços recuou 0,7%, com perdas em duas das cinco atividades pesquisadas. O destaque foi a queda de 5,0% nos transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, pressionado pelo transporte rodoviário de carga, aéreo de passageiros, operação de aeroportos e ferroviário de cargas.

O outro resultado negativo foi de serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,8%), explicado por decréscimos nas empresas de soluções de pagamentos eletrônicos, limpeza geral, transporte de valores, gestão de ativos intangíveis não financeiros e vigilância e segurança privada.

Os avanços ocorreram nos serviços de informação e comunicação (2,1%), serviços prestados às famílias (3,6%) e outros serviços (1,2%). O agregado especial das atividades turísticas ficou estável (0,0%) em abril de 2019 em relação a abril de 2018.

"Tem um cenário ainda muito enfraquecido economicamente, a demanda enfraquecida", mencionou Lobo. "A gente tem uma freada clara dos investimentos públicos de 2014 para cá, e que não foram compensados por aumento nos investimentos privados. As sondagens davam conta de algum tipo de melhoria depois das eleições de 2018, mas as expectativas não se confirmaram. A gente vê um discurso de que algumas reformas precisam ser aprovadas para que haja algum tipo de estimulo de parte do empresariado para retorno de investimentos, mas a gente não tem certeza se esse retorno de fato vai acontecer", completou o gerente da pesquisa do IBGE.

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