População na Noruega (Paula Bronstein/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2017 às 16h11.
Última atualização em 7 de junho de 2017 às 16h12.
Noruega, temos um problema.
O desemprego pode estar abaixo de 3 por cento, mas a crise do petróleo que afetou o país mais rico da Escandinávia pode estar deixando uma marca permanente. Mais de um quinto da população em idade ativa utilizou benefícios de seguro-desemprego ou licença por doença ao longo de 2016, segundo um estudo da Administração Norueguesa do Trabalho e do Bem-Estar (NAV, na sigla em norueguês).
Com a alta de 3 por cento nos pagamentos de benefícios sociais em 2016, a crescente dependência provavelmente tornará mais difícil para a Noruega acabar com a dependência em relação à produção de petróleo e gás. Apesar de a descoberta de petróleo, 50 anos atrás, ter transformado o país em um Creso da era moderna -- e ajudado a tornar possível o sistema de bem-estar social mais generoso do mundo --, com a queda dos recursos e a mudança para uma energia mais ecológica o país precisará encontrar outra base para manter seu padrão de vida.
Os administradores do sistema não têm problemas para admitir o problema. A sigla da agência até virou verbo: “NAV” significa “receber benefícios”. “Para sustentar o sistema de bem-estar social norueguês, precisamos de mais pessoas trabalhando, e não recebendo benefícios passivos”, disse Sigrun Vageng, chefe da NAV, em resposta por e-mail a perguntas.
A dificuldade econômica é encontrada em grande parte nas áreas usuais: comunidades rurais atingidas duramente pelo fechamento de minas e de outras atividades importantes.
No município de Ballangen, no Ártico, o desemprego se estabeleceu pela primeira vez na década de 1960 com o fechamento de uma mina de enxofre e cobre. Agora, quase 40 por cento de sua população cada vez menor recebe benefícios mensais do Estado, a maior proporção do país.
A dependência em relação aos benefícios estatais atualmente é mais profunda. E, além disso, se espalhou para as regiões mais ricas do país depois que a queda dos preços do petróleo provocou um corte estimado de 50.000 empregos na indústria do petróleo, que antes da crise representava mais de 20 por cento da produção econômica.
Os pagamentos de benefícios em Rogaland, centro regional da indústria do petróleo e sede da Statoil, subiram impressionantes 13 por cento no ano passado.
Cerca de 19 por cento em média receberam benefícios a cada mês em Rogaland. Em Oslo, foram 15 por cento, enquanto a menor proporção foi observada em Baerum, uma comuna rica nos arredores da capital, onde 12 por cento receberam benefícios.
A primeira-ministra do país, a conservadora Erna Solberg, que luta pela reeleição contra o Partido Trabalhista e o Partido do Centro neste ano, afirma que a transição da economia, com uma dependência menor do petróleo, será o principal desafio dos próximos anos.
Por enquanto, contudo, a Noruega pode suportar os custos. Nos últimos 20 anos, o país construiu um fundo soberano de investimentos que está se aproximando rapidamente de US$ 1 trilhão -- ou quase US$ 200.000 para cada norueguês --, apesar de no ano passado o governo ter começado a sacar dinheiro pela primeira vez.
A agência de assistência social pagou 174 bilhões de coroas (US$ 21 bilhões) em benefícios sociais no ano passado, mas isso significa que o sistema está funcionando como se pretendia. Isso “mostra que o sistema de benefícios sociais consegue ajudar aqueles que estão em uma situação difícil”, disse Vageng, o chefe da agência responsável pelos benefícios sociais.