As empresas argentinas de menor porte penam desde 2013 (BS AS/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 8 de maio de 2018 às 15h20.
Última atualização em 8 de maio de 2018 às 15h45.
As empresas de menor porte da Argentina estão entre as principais vítimas dos três acréscimos inesperados nos juros que estão sendo absorvidos pela economia, disse Federico Mac Dougall, da First Corporate Finance Advisors.
Mac Dougall, responsável pela área de reestruturação da consultoria sediada em Buenos Aires, disse que o número de companhias que solicitaram os serviços dele triplicou neste ano, em uma situação que não era vista desde 2003, quando o país decretou moratória.
Para ele, o pior ainda está por vir, após o banco central fazer três intervenções em 10 dias para conter a depreciação do peso e elevar a taxa básica de juros a 40 por cento, a mais alta do mundo.
“Este nível de juros pode conter momentaneamente a força do dólar, mas atinge seriamente as pequenas e médias empresas, destruindo sua capacidade de operar”, disse Mac Dougall. “Essa taxa é insuportável por mais de um mês.”
O impacto dos juros maiores é sentido imediatamente por organizações que dependem de crédito para pagar salários e outras despesas. Muitas precisarão reestruturar rapidamente as dívidas para sobreviver, disse Mac Dougall. Segundo ele, os setores têxtil, de consumo básico, indústria e transporte são os mais afetados.
A First Corporate Finance Advisors recebeu 18 pedidos de consultoria de empresas com problemas neste ano e atualmente trabalha em 10 reestruturações.
As companhias assessoradas têm dívida média de 1 bilhão de pesos (US$ 45,8 milhões). Segundo MacDougall, a consultoria também está sendo abordada por varejistas, que têm dívidas maiores.
Em 2015, a firma trabalhou na reestruturação de US$ 900 milhões do Grupo Indalo, de mídia e petróleo, atuou na farmacêutica Sidus, em 2013, e na operação local da Yves Saint Laurent, em 2012.
As empresas argentinas de menor porte penam desde 2013, quando a taxa Badlar, que é referência para depósitos, passou de 15 por cento e não voltou a ficar abaixo desse patamar, explicou Mac Dougall.
“As companhias queimaram o capital de giro desde aquela época porque não conseguem financiamento racional”, ele disse. “Grandes corporações com acesso a financiamento internacional estão em melhor posição, mas pequenas e médias empresas estão em apuros.”