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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h43.
As projeções de mercado para o IPCA (índice oficial de inflação e referência para o sistema de metas) deste ano subiram de 4,58% para 4,61% segundo relatório semanal do Banco Central divulgado nesta segunda-feira (23/1). Esta é a segunda semana consecutiva de alta da expectativa do índice, que estava em 4,5% há quatro semanas. Segundo analistas, o movimento de elevação é transitório e está atrelado a fatores sazonais, expressos pelo repique da inflação neste início de ano.
Esse novo reajuste deixa as previsões do mercado cada vez mais distantes da meta de inflação de 4,5% fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2006. Para a economista-chefe do Banco Espírito Santo, Sandra Utsumi, contudo, as projeções da inflação devem começar a declinar a partir de março. "O mercado incorporou o cenário de curto prazo às estimativas", diz Sandra.
Fatores sazonais associados à oferta e à demanda são os principais responsáveis pela pressão inflacionária. "Na média, os preços não têm variado muito. O que mais puxou a inflação foi o período de entressafra de cana-de-açúcar e de reajuste das mensalidade escolares e dos tributos, como IPVA e IPTU. Isso tudo é sazonal e a projeção de inflação deve cair", afirma Sandra. Neste momento, o banco português trabalha com inflação para o ano em 4,48% em janeiro (em dezembro, o índice estimado era de 4,4%).
Segundo o economista-chefe da corretora Sul América, Newton Rosa, o IPC-15, que funciona como uma prévia do IPCA e será anunciado nesta sexta-feira (27/1), também deverá ser pressionado pelos fatores sazonais e virá em alta. "A inflação corrente está puxando as projeções. Os IPCs tiveram várias altas e, no atacado, os preços fizeram com que o IGP-M registrasse em um mês uma alta equivalente à verificada em um ano inteiro, sobretudo devido ao preço dos produtos agrícolas", diz Rosa. Em janeiro, o IGP-M teve elevação de 1%, enquanto em 2005 foi de 1,20%. As projeções de mercado para o IGP-M deste ano subiram de 4,65% para 4,85%. Esta foi a quarta elevação consecutiva destas estimativas, que estavam em 4,55% há quatro semanas.
De olho na ata do Copom
As expectativas dos analistas de mercado estão, agora, na divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) a ser divulgada nesta quinta-feira (26/1). Segundo Rosa, da Sul América, o BC está atento à influência dos fatores sazonais, e a expectativa maior do mercado é quanto à indicação do ritmo de cortes dos juros daqui para a frente. "Esperamos para ver, agora, a leitura que o Copom fará sobre essa pressão dos preços no curto prazo", diz Sandra.
As estimativas de mercado para a taxa Selic no final de 2006 permaneceram estáveis em 15%, segundo relatório do BC. Há quatro semanas, as previsões de juros para o fim do ano não mudam. As previsões de taxa média de juros também não se alteraram e prosseguiram em 15,91% para este ano.