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Mercado aposta em 0,5 ponto de queda, apesar de desejar mais

Para economistas, corte mais ousado continua esbarrando no conservadorismo do Comitê de Política Monetária

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h25.

É consenso entre os economistas que o Comitê de Política Monetária (Copom) dará mais uma demonstração de conservadorismo e impedirá uma queda mais aguda da taxa básica de juros nesta quarta-feira (23/11). A aposta das instituições financeiras, expressa pelo próprio relatório de mercado do Banco Central, é de um corte de 0,5 ponto, o que trará a Selic para 18,50%.

Segundo o economista Jason Vieira, da consultoria GRC Visão, os dados macroeconômicos mais recentes trouxeram duas informações conflitantes que alimentarão a cautela do Banco Central (BC). O primeiro é a forte desaceleração da atividade industrial em setembro uma queda de 2% em relação a agosto. O resultado foi maior que as expectativas e causou, inclusive, revisões do crescimento do PIB deste ano.

O segundo é o repique da inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, referência oficial para a meta de inflação) subiu 0,75% em outubro, contra 0,35% em setembro. A aceleração dos preços é vista como passageira pela maioria dos economistas. Em seu boletim, a Tendências Consultoria, por exemplo, atribuiu o pico do mês passado aos alimentos, com destaque para a carne, cujos preços foram pressionados pela febre aftosa.

De qualquer modo, o BC seria estimulado a promover um corte mais forte na Selic se o IPCA de outubro fosse menor e os números da indústria fossem fracos. Isso indicaria que o Copom exagerou na freada da economia. "Mas a desaceleração da indústria e a alta da inflação são fatores que se anulam", diz Vieira, da GRC Visão.

Poucos apostam em uma queda mais pronunciada. É o caso do Banco Espírito Santo Securities, que espera um corte de 0,75 ponto. Segundo a economista-chefe da instituição, Sandra Utsumi, o repique da inflação, em outubro, não deve preocupar a autoridade monetária justamente por ser pontual. Além disso, não haveria motivos para temer pressões inflacionárias decorrentes da retomada da economia no final do ano, puxada pelas festas natalinas. "Não creio que haverá a mesma expansão de vendas vista no ano passado", diz Sandra.

A economista ressalta, porém, que uma redução de 0,75 ponto não significaria um novo ritmo de recuo da Selic nos próximos meses. "O corte seria para aproveitar uma oportunidade relevante no curto prazo", afirma.

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