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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h26.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta o momento mais impopular de seu governo. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), em conjunto com o instituto Sensus, apenas 31,1% dos entrevistados têm uma avaliação positiva de Lula, contra 35,8% em setembro. Trata-se da menor aprovação desde que assumiu. Para os analistas, porém, o desgaste do presidente continuará nos próximos meses ainda que em ritmo menor. Com isso, ficará cada vez menor o espaço de Lula para reconquistar sua popularidade e disputar, em condições adequadas, a eleição presidencial do próximo ano.
"É pouco provável que a popularidade de Lula volte a subir", afirma o cientista político João Augusto de Castro Neves, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (Ibep). Na pesquisa CNT/Sensus, a parcela dos entrevistados que considera o desempenho pessoal de Lula regular caiu de 38,2%, em setembro, para 37,6%. Em contrapartida, a avaliação negativa subiu de 24% para 29%.
Reflexo da insatisfação dos eleitores com o presidente, seu índice de rejeição aumentou bastante na mesma comparação. Em setembro, 39,3% dos eleitores disseram que não votariam em Lula. Agora, a taxa está em 46,7%. Ao mesmo tempo, a parcela do eleitorado que votaria com certeza ou que poderia votar em Lula baixou de 54,6% para 51,1%. "A rejeição está muito alta para ganhar a eleição no segundo turno", afirma o cientista político Ricardo Ribeiro, da consultoria MCM.
Últimas cartadas
Segundo os analistas, o desempenho da economia é o único fator que poderia reverter a queda da aprovação a Lula e devolver-lhe reais condições de competir por mais um mandato no Palácio do Planalto. Mas a insatisfação do eleitorado em relação à economia também é grande. De acordo com a CNT/Sensus, 52,7% dos entrevistados consideram que a política econômica é inadequada, contra 52,1% em setembro. Os que a apóiam são 35,3% da amostra, contra 34,9%. Em relação à confiança na economia nos próximos seis meses, 49,4% dizem desconfiar dos resultados, contra 48,6% em setembro. Os que confiam somam 42,3%, contra 41,2% na mesma comparação.
Além da cobrança por resultados, a disputa entre os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, também é negativa para Lula. Num momento em que a economia é o único ponto de apoio ainda que frágil do governo, a perspectiva de mudanças nesta área também causa apreensão e pode desgastar o presidente. "O governo sempre se desgasta quando seus ministros passam uma imagem de desunião", diz Ribeiro, da MCM.
Mesmo o recurso à gastança, sacrificando a austeridade fiscal em nome de investimentos que lhe garantam a reeleição, pode não dar certo a esta altura do mandato. "A um ano das eleições, é difícil iniciar e concluir obras de grande porte que sirvam como exemplo de realizações", afirma Ribeiro, da MCM.
Corrosão
Sem muito espaço para uma postura pró-ativa que lhe devolva o apoio perdido, o presidente terá que administrar, ainda, os fatores que estão minando sua base eleitoral. As investigações da CPI dos Correios foi prorrogada até abril e podem gerar mais impactos negativos. Já a CPI dos Bingos também ameaça aprofundar investigações indesejadas pelos governistas, como as supostas irregularidades na prefeitura de Ribeirão Preto, quando Palocci a comandava.
"Até abril, as denúncias darão lugar às provas expressas nos relatórios das CPIs e em cassações simbólicas, como a do deputado José Dirceu", afirma Castro Neves, do Ibep. "Isso tudo tende a ter um impacto negativo. Eu apostaria em um desgaste ainda maior de Lula", diz.