Economia

Mundo espera que China seja amortecedor da crise que iniciou

O Banco Central da China, que ajudou a desencadear uma crise com uma desvalorização surpresa, pode ser o único do mundo com poder de fogo para detê-la


	Bandeira da China: o Banco Popular da China tem um amplo arsenal de política monetária à disposição
 (jimwink/Creative Commons)

Bandeira da China: o Banco Popular da China tem um amplo arsenal de política monetária à disposição (jimwink/Creative Commons)

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Da Redação

Publicado em 24 de agosto de 2015 às 21h27.

O Banco Central da China, que ajudou a desencadear uma crise nos mercados com uma desvalorização surpresa, duas semanas atrás, pode ser o único do mundo com poder de fogo para detê-la.

Com cerca de 25 trilhões de yuans (US$ 3,9 trilhões) em depósitos bancários ainda trancados como reservas e a taxa de juros de referência de um ano em 4,85 por cento, o Banco Popular da China tem um amplo arsenal de política monetária à disposição.

As taxas de empréstimos nos EUA, na Europa e no Japão já estão próximas de zero e a crise está minando a confiança em que a economia global será suficientemente forte para resistir ao esperado aperto nas políticas do Federal Reserve.

Mais de US$ 5 trilhões em valor das ações em todo o mundo foram eliminados desde a desvalorização do yuan pela China em 11 de agosto, o que aprofundou os temores em relação a um mal-estar na segunda maior economia do mundo.

Em todo o mundo, a corrida para venda de ativos de maior risco se acelerou nesta segunda-feira, pois os preços das commodities atingiram o nível mais baixo em 16 anos e as moedas dos mercados emergentes perderam força. As ações chinesas tiveram a maior queda desde 2007.

“Eles precisam revigorar a confiança do mercado”, disse Rob Carnell, economista-chefe internacional do ING Bank em Londres.

“Eles provavelmente sentirão a pressão de fazer algo que não decepcione os mercados, mas isso exigirá que eles venham com força e esgotem qualquer munição que possuam. Se isso tiver apenas um efeito temporário, eles depois parecerão mais vulneráveis”.

Enfraquecimento da economia

As ações asiáticas despencaram nesta segunda-feira e a corrida para venda de ações piorou na Europa. O Stoxx Europe 600 Index caiu pelo quarto dia seguido, com um declínio de mais de 3,8 por cento.

O DAX Index, da Alemanha, afundou 3 por cento e agora está 21 por cento abaixo do pico de abril.

O argumento a favor da flexibilização da política está ganhando força na China após um indicador da atividade fabril atingir o nível mais baixo em mais de seis anos neste mês.

Isso ocorreu após a divulgação de dados mais fracos que o esperado relacionados a investimentos, produção industrial, vendas no varejo e exportações, em julho.

Os esforços das autoridades para sustentar o crescimento ainda não foram suficientes para evitar a desaceleração, ameaçando a meta de expansão do premiê Li Keqiang para este ano, de cerca de 7 por cento.

Entre as medidas tomadas até o momento estão quatro cortes na taxa de juros desde meados de novembro, um programa de swap de dívidas para redução da pressão do financiamento aos governos regionais e a injeção de fundos em bancos de investimento para canalizar crédito para a economia real.

Circuit Breaker

É preciso haver um “circuit-breaker”, ou disjuntor, por parte da China para acabar com as repercussões negativas que estão se espalhando pelas moedas e pelos mercados de ações, disse Shane Oliver, chefe de estratégia de investimento da gestora de fundos AMP Capital Investors Ltd. em Sydney, que supervisiona cerca de US$ 114 bilhões.

Ele espera que a China reduza a taxa de empréstimos de referência de 4,85 por cento para 4 por cento até o fim do ano.

“Cortes significativos nas taxas de juros e na proporção de reservas da China seriam suficientes para acalmar o nervosismo atual e evitar a ameaça ao crescimento chinês e global”, disse ele.

“É o único grande país que tem poder de fogo”.

A China está tendo dificuldades para reforçar o crescimento sem agravar o aumento das dívidas depois de uma onda de empréstimos realizada após a crise financeira global.

O McKinsey Global Institute estima que a dívida do país tenha subido para 282 por cento de seu produto interno bruto, ou US$ 28 trilhões, em meados de 2014.

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