Economia

MT pode dobrar plantio de soja com incorporação de pastagens

Segundo estudo, estado pode incorporar, numa visão conservadora, 6,6 milhões de hectares de áreas com "boa aptidão" para agricultura


	Trabalhador caminha por plantação de soja: Mato Grosso plantou na safra 2013/14 uma área recorde com soja de 8,3 milhões de hectares
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Trabalhador caminha por plantação de soja: Mato Grosso plantou na safra 2013/14 uma área recorde com soja de 8,3 milhões de hectares (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 31 de março de 2014 às 17h59.

Cuiabá - O Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, poderia quase dobrar o plantio da oleaginosa nos próximos anos somente com a incorporação de áreas de pastagens com maior vocação agrícola, apontou um estudo do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

A pesquisa, à qual a Reuters teve acesso, mostra que Mato Grosso pode incorporar, numa visão conservadora, 6,6 milhões de hectares de áreas com "boa aptidão" para agricultura.

O Estado plantou na safra 2013/14 uma área recorde com soja de 8,3 milhões de hectares, segundo o Imea, órgão ligado aos produtores.

"Estamos falando de áreas 'filés' (as melhores)", disse o diretor-executivo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Seneri Paludo, em entrevista à Reuters, referindo-se aos 6,6 milhões de hectares de pastagens que poderiam se transformar em lavouras de soja, algodão e outras culturas.

Considerando somente o atual plantio de soja, a área poderia crescer em cerca de 80 por cento, com terras na região do Vale do Araguaia (leste mato-grossense), áreas entre o Parque do Xingu e o Estado de Tocantins, ou ao longo da rodovia BR-158, próximas ao Pará, no nordeste do Estado.

O executivo da Famato também citou terras na região noroeste do Estado, nos municípios de Porto dos Gaúchos, Juína e Brasnorte, entre outros, com boa aptidão agrícola.

O estudo, concluído em dezembro mas ainda não divulgado, foi feito com base na área ocupada pela pecuária (incluindo as chamadas pastagens degradadas), a partir da imagens de satélite e levou em conta fatores como clima, solo e relevo.

A partir daí, a pesquisa classificou as áreas entre favoráveis e desfavoráveis para uso agrícola.


A bovinocultura em Mato Grosso, maior produtor brasileiro de gado, ocupa 25,673 milhões de hectares.

Os dados do estudo acessados pela Reuters não indicavam quanto os pecuaristas teriam que elevar a produtividade por hectare, para compensar eventual ocupação das pastagens pela agricultura.

A expansão agrícola e pecuária ao norte do Estado gera preocupações relacionadas ao avanço do desmatamento, uma vez que muitas das cidades citadas no estudo estão dentro do bioma amazônico.

Por outro lado, a ocupação agrícola de áreas de pastagens, com o aumento da produtividade das fazendas de gado, pode evitar novos desmatamentos ao reduzir a demanda por abertura de novas áreas.

Segundo o estudo, a efetiva incorporação das áreas agrícolas depende de questões econômicas, uma vez que nas áreas de fronteira o custo de transporte dos produtos agrícolas é mais elevado, e da disponibilidade de mão de obra, entre outros fatores, disse o executivo.

"Precisa de ambiente de negócio todo propício, e quem constrói esse ambiente são os óbices da rentabilidade. Se o produtor continuar com a rentabilidade positiva dos últimos anos, automaticamente essas novas áreas vão sendo incorporadas a todo o processo, é natural", disse Paludo, destacando que atualmente a agricultura remunera mais que a pecuária.

Expansão no Nordeste

A região nordeste de Mato Grosso já tem colaborado há alguns anos para um aumento na área plantada do Estado.

No nordeste mato-grossense, a área de soja mais que dobrou nas últimos cinco temporadas, de 501 mil hectares, em 2008/09, para 1,2 milhão de hectares em 13/14.

Em todo o Estado, a expansão registrada no mesmo período foi de cerca de 45 por cento, de 5,7 milhões de hectares no ciclo 2008/2009, para a estimativa de 8,3 milhões em 13/14, segundo dados do Imea.

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